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CPI do 8 de Janeiro: entidades e parlamentares criticam convocação de fotógrafo para depoimento

"Não é papel dele repreender os invasores" ressalta a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo

Atos de vandalismo ao prédio do Poder Executivo, em Brasília, ocorreram em 8 de janeiroAtos de vandalismo ao prédio do Poder Executivo, em Brasília, ocorreram em 8 de janeiro - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Entidades e parlamentares criticaram nesta quinta-feira (3) a convocação do fotógrafo Adriano Machado, da Agência Reuters, para prestar depoimento na CPI do 8 de Janeiro. A aprovação do requerimento gerou um embate na sessão do colegiado.

A presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Kátia Brembatti, afirmou que há uma tentativa de criminalizar a atuação do fotojornalista, creditando a ele uma conivência com os atos de vandalismo.

— Não é papel do fotógrafo repreender os invasores, mas registrar os fatos. O deputado Eduardo Bolsonaro chega a incutir intenção política ao profissional, afirmando que o fotojornalista publica em suas redes fotos do presidente Lula, tendo coberto sua posse — disse ela ao Globo.

Em nota, a Associação de Repórteres e Fotógrafos do Estado de São Paulo (Arfoc-SP) repudiou a convocação. “A atuação dos fotógrafos e jornalistas é vital para a sociedade, uma vez que eles desempenham um papel crucial ao documentar acontecimentos de interesse público, permitindo que o cidadão tenha acesso a informações confiáveis e fundamentais para a formação de opinião. Qualquer medida que possa minar essa função essencial é prejudicial à nossa sociedade como um todo”.

O profissional, que registrava os atos de vandalismo, é acusado pela oposição de combinar fotos com os extremistas durante a depredação da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro. A inclusão do nome de Machado na pauta aconteceu debaixo de protestos da base do governo. A convocação dele foi pedida pelos deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Ramagem (PL-RJ), Nikolas Ferreira (PL-MG), Marco Feliciano (PL-SP) e senadores Izalci Lucas (PSDB-DF), Marcos do Val (Podemos-ES), Eduardo Girão (Novo-CE) e Magno Malta (PL-ES).

—Não há acordo sobre a convocação de um representante da imprensa, até diante do seu próprio sigilo profissional—afirmou o deputado Rubens Pereira Jr (PT-MA).

Ele pedia que o requerimento não fosse incluído na pauta, mas não teve êxito no seu pedido. A justificativa do pedido afirma que “afigura-se imprescindível colher o testemunho de pessoas que acompanharam in loco toda a movimentação ocorrida no dia 8 de janeiro, como é o caso da testemunha”.

—Eu assumo isso com toda tranquilidade. Eu tenho a noção de que todos nós parlamentares, vocês jornalistas, têm que ter seu direito preservado. Não estou dizendo que ele cometeu delito, mas obviamente ele é testemunha—, disse o presidente da comissão, Arthur Maia (União-BA).

A aprovação da convocação aconteceu em bloco, junto com outros pedidos que incluíam o hacker Walter Delgatti. Foram convocados também a soldado Marcela Pinno, que chegou a ser jogada de uma altura de três metros durante os ataques; Cíntia Queiroz, coronel da Polícia Militar do Distrito Federal e ex-subsecretária de Operações da Secretaria de Segurança Pública do DF; sargento Luís Marcos dos Reis, antigo supervisor a Ajudância de Ordens da Presidência da República.

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