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ATOS GOLPISTAS

CPI do 8 de Janeiro ouve Jean Lawand Júnior, coronel que cobrava golpe em conversas com Mauro Cid

Oficial aparece em mensagens incentivando ex-ajudante de ordens de Bolsonaro a apoiar medidas antidemocráticas

O coronel Jean Lawand Júnior O coronel Jean Lawand Júnior  - Foto: Divulgação

A CPI do 8 de Janeiro vai ouvir nesta terça-feira o depoimento do coronel Jean Lawand Júnior, que apareceu em mensagens defendendo junto a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, que as Forças Armadas dessem um golpe após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva no ano passado. O depoimento de Lawand acontece menos de duas semanas depois das mensagens serem reveladas.

O caso foi tornado público pela revista Veja no dia 15 de junho. Os diálogos entre Lawand e Cid, que aconteceram em dezembro, a poucos dias do fim do mandato de Bolsonaro, contam com frases como "convença o 01 a salvar esse país", "o presidente vai ser preso" e "Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem, que o povo está com ele, cara". Após as mensagens virem à tona, o Exército afirmou que se tratam de "opiniões pessoais" que não representam o pensamento da Força.

O militar pediu um habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal para ter o direito de ficar em silêncio e também ter a possibilidade de rejeitar a convocação. A relatora do caso, ministra Carmen Lúcia, atendeu parcialmente a solicitação. Em decisão proferida na segunda-feira, a ministra manteve a obrigatoriedade da convocação, mas autorizou o militar a ficar em silêncio.

Além da relação de Lawand com Mauro Cid e Bolsonaro, a base do governo também quer aproveitar o depoimento para entender melhor a ligação do militar com o acampamento bolsonarista que se instalou no Quartel General do Exército, em Brasília, logo após a derrota de Bolsonaro na eleição. Em uma das mensagens divulgadas, Lawand reclama com Cid que os apoiadores do ex-presidente estavam "há 52 dias cagando em banheiro químico e pegando chuva".
 

Em mensagem publicada na semana passada, o presidente da CPI, deputado Arthur Maia (União-BA), comentou sobre a convocação de Lawand, mas fez uma ressalva de que avalia que as Forças Armadas defendem a democracia.

– Na terça, ouviremos depoimento do coronel do Exército Jean Lawand. Apesar do envolvimento isolado de militares nos acontecimentos de 8/1, tenho certeza de que as forças armadas enquanto instituição cumpriram o seu papel constitucional de defender o estado democrático de direito.

Um dos requerimentos para chamar Lawand partiu da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPI. Ao justificar a solicitação, a senadora declarou que a fala dele é importante para entender outros episódios golpistas que antecederam os ataques que são principal objeto da comissão. "Os fatos preparatórios dos atos do dia 8 de janeiro de 2023 merecem atenção especial durante o processo de investigação" disse.

Também autor de um dos requerimentos de convocação, o deputado Duarte Júnior (PSB-MA) afirmou que ouvir Lawand é "absolutamente necessário tendo em vista a recente divulgação pela imprensa de conversas telefônicas entre o convocado e o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, Coronel Mauro Cid, o qual mantinha um grande vínculo de amizade, sobre a necessidade de deflagração de um golpe de Estado".

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