CPI do MST: Salles avisa colegas que pedirá indiciamento de líderes de movimentos no campo
José Rainha e o diretor-superintendente do Iterra-AL estão na mira do relatório final do colegiado
Esvaziada pelo governo, a CPI do MST terá final precoce e o seu relatório final será apresentado já na próxima semana após o colegiado cumprir diligências na Bahia, estado onde ocorreram a maior parte das invasões do Abril Vermelho.
O Globo apurou que no texto do deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) ao menos cinco lideranças de movimentos sociais do campo, para além do MST, serão alvos de pedido de indiciamento. Entre eles, o líder da Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade (FNL), José Rainha, e o diretor-superintendente do Instituto de Terras e Reforma Agrária do Alagoas (Iterra-AL), Jaime Messias Silva.
Acoplados ao governo do estado, documentos obtidos pelo colegiado revelaram que o instituto subsidiou protestos do MST com envio de cestas básicas e aluguel de ônibus.
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O líder do MST, João Pedro Stédile, deve ficar de fora do relatório pela dificuldade de imputar algum crime em seu respeito, após o depoimento que ocorreu na comissão nessa terça-feira (15). A opinião da oposição é de que Stédile fugiu dos questionamentos, mas não se comprometeu em nenhuma de suas respostas.
Para além dos indiciamentos, cinco deputados da base governista serão citados nominalmente por suposto envolvimento com os acampamentos do MST que participaram do Abril Vermelho — por meio de apoio político e financeiro. São eles Sâmia Bomfim (PSOL-SP), João Daniel (PT-SE), Erika Kokay (PT-DF), Valmir Assunção (PT-BA) e Paulão (PT-AL).
A estratégia tenta ligar integrantes dos partidos da esquerda às invasões, com base nos depoimentos de ex-integrantes que foram convidados a depor. Quando Vanuza dos Santos esteve na CPI na semana passada, por exemplo, a depoente acusou Valmir Assunção de ser o mandante de sua remoção do assentamento. "Ou você vota, ou você perde a terra", disse ela.
Desde a manobra do governo que retirou sete deputados do colegiado, a oposição deixou de ter a maioria na CPI do MST. Diante disso, a aprovação do relatório não é dada como certa, mas Salles nega preocupação:
— Não estamos preocupados se será aprovado ou não, o importante é divulgar os abusos cometidos ao povo brasileiro. A aprovação é mera formalidade — diz Salles.