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"Crua" e "despreparada": fala de Michelle Bolsonaro sobre cota de gênero divide aliados

Neste sábado, ex-primeira-dama e presidente nacional do PL Mulher afirmou, em evento, que lei deveria ser 'erradicada'; horas depois, recuou nas redes sociais

Michelle Bolsonaro durante posse de Rosana Valle como presidente do PL Mulher SP Michelle Bolsonaro durante posse de Rosana Valle como presidente do PL Mulher SP  - Foto: Divulgação PL

A fala da ex-primeira-dama e presidente nacional do PL Mulher Michelle Bolsonaro pelo fim das cotas de gênero dividiu opiniões na bancada do PL e chegou a gerar desconforto em evento no sábado (6). A opinião entre aliados é de que Michelle cometeu um "deslize", o que mostra um certo despreparo para a vida pública.

Durante a posse da deputada federal Rosana Valle (SP) como presidente da ala feminina de São Paulo, Michelle falou em "erradicar" a medida que assegura a destinação de 30% das candidaturas e recursos eleitorais a candidatas femininas. Horas depois, em suas redes sociais, a ex-primeira-dama voltou atrás.

— Nós queremos erradicar a cota dos 30%, queremos mulheres na política pelo seu potencial — disse Michelle em cerimônia na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

De acordo com integrantes do partido, assim que a fala foi proferida, os presentes entenderam que a ex-primeira-dama havia se expressado mal e que ela se referia, na verdade, a um cenário futurístico no qual a participação feminina se tornará tão "natural" que as cotas de gênero não precisarão mais existir. A repercussão majoritária foi de que Michelle cometeu uma falha e, por isso, não estaria pronta para participar de certos eventos e dar declarações. "Um pouco crua", dizem aliados.
 

Após o final do evento, em entrevista à imprensa, Rosana Valle demonstrou mal-estar ao ser questionada sobre o tema e não quis comentar a fala de Michelle. A deputada afirmou que não ouviu bem o que a ex-primeira-dama disse, mesmo estando ao seu lado, e que precisaria estudar o assunto antes de emitir qualquer opinião.

Já nas redes sociais, alguns parlamentares saíram em defesa da ex-primeira-dama, como Bibo Nunes (RS) que afirmou que a cota de gênero realmente não deveria existir.

"Michelle Bolsonaro, Presidente do PL Mulher, é contra cota para mulher na política. A cota nivela a mulher por baixo, quando são iguais aos homens e muitas vezes superiores. Cota é alicerce para a famigerada esquerda dividir todos os tipos de classe social, econômica e racial", escreveu o deputado federal.

Desde a convenção do PL no ano passado, há especulações acerca de uma possível candidatura de Michelle. Nas eleições de 2022, o apoio da então primeira-dama garantiu a cadeira de Damares Alves (Republicanos-DF) no Senado Federal contra Flávia Arruda. A expectativa é que a presidente do PL Mulher concorra ao Congresso Nacional em 2026.

Oposição critica
A ex-deputada federal Joice Hasselmann foi um dos nomes que foi à público para criticar a fala de Michelle. De acordo com a ex-bolsonarista, a ex-primeira-dama prejudicou a imagem do partido com as mulheres:

"Agora, ela (Michelle) tenta ‘desdizer’ o que disse e está registrado— Michelle é apenas uma casca, sem capacidade de sustentar suas posições".

Michelle recua
Duas horas após o final do evento, a ex-primeira-dama postou em seus stories do Instagram que é sim a favor da cota de gênero:

— Retificando, eu sou a favor da cota sim. Nós queremos mulheres na política pelo seu potencial, pelo seu protagonismo, nós não queremos apenas cumprir uma cota de 30%. Nós acreditamos no potencial de cada mulher que entra na política brasileira.

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