Damares diz que Bolsonaro 'entende' que sua pré-candidatura ao Senado é um 'direito'
Com a entrada de Damares na corrida, Bolsonaro terá duas ex-ministras disputando a vaga pelo Distrito Federal: Flávia Arruda, ex-ministra da Segov, também pretende disputar a cadeira pelo PL, mesmo partido do presidente
A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou nesta segunda-feira (25) que o presidente Jair Bolsonaro compreendeu que era um “direito” seu o lançamento da sua pré-candidatura ao Senado pelo Distrito Federal. Com a sua entrada na corrida, Bolsonaro terá duas ex-ministras disputando a vaga de senadora pela capital federal: Flávia Arruda, ex-ministra da Secretaria de Governo, também pretende disputar a cadeira pelo PL, mesmo partido do presidente da República.
Leia também
• Ex-ministra Damares Alves lança pré-candidatura ao Senado
• Damares diz que 'inferno está se levantando' e mandou 'capeta careca' contra o governo
• Damares Alves afirma ter mudado domicílio eleitoral para o Distrito Federal
"O presidente entende que é um direito meu me lançar pré-candidata. O presidente tem agora duas pré-candidatas ao Senado. Nós temos a mesma pauta, nós somos muito amigas", afirmou Damares a jornalistas depois do evento de oficialização de sua pré-candidatura, na sede do Republicanos, seu partido.
Flávia e Damares deixaram os ministérios em 31 de março para cumprir o prazo estipulado pelo TSE de desincompatibilização. Damares se filiou ao Republicanos ao lado do também ex-ministro Tarcísio Gomes (Infraestrutura), que concorrerá ao governo de São Paulo.
Damares não deu detalhes sobre o apoio do presidente na disputa no Distrito Federal, mas pontuou que Flávia Arruda divide o partido com Bolsonaro.
"Já tinha essa conversa do partido dele com ela. Claro que ele tem a candidata do partido dele, mas eu também tenho esse direito de me lançar", afirmou.
A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos também não descartou a possibilidade de se unir à ex-colega com o desenrolar das eleições. Damares afirmou que seria possível “conversar muito sobre isso” porque a prioridade seria garantir uma cadeira conservadora.
"Podemos estar juntas, por quê não? Se eu não fosse pré-candidata, eu votaria nela. Então assim, podemos conversar muito sobre isso, nós temos uma pauta. O que a gente quer é que essa cadeira seja conservadora", disse.
No Distrito Federal, o Republicanos faz parte da base do governador Ibaneis Rocha (MDB), que vem costurando sua candidatura à reeleição em um palanque alinhado a Bolsonaro. Para o Senado, Ibaneis pretende apoiar a candidatura de Flávia Arruda. O partido também costurava o posto de vice na chapa do atual governador.
O presidente do Republicanos do Distrito Federal, Wanderley Tavares, afirmou ao GLOBO que o partido seguirá a sua aliança com Ibaneis, apesar da candidatura de Damares. Disse que o Republicanos está “bem conversado com todos os pares e toda a base” do governo.
"A aliança com o Ibaneis continua. O TSE liberou a candidatura avulsa, e no limite nós vamos sair com a candidatura avulsa. Nós estamos bem organizados, bem articulados e bem conversados com todos os pares e toda a base que compõe o governo", afirmou.
Durante discurso, Damares mencionou a disputa com Flávia Arruda, a quem chamou de amiga. A ex-ministra afirmou que a sua campanha não será de agressão, que continuará amando a amiga, mas que a vaga era sua.
"A primeira pergunta que a imprensa me fez: ‘E aí, Damares. Você não tem uma amiga que é pré-candidata também?’. Tenho, e eu amo a minha amiga. E neste partido nós não vamos agredir. A nossa campanha não vai ser de agressão. Vamos continuar chamando elas de lindas, amando elas, mas a vaga é minha", disse.
Damares também comentou com os jornalistas sobre a posição da primeira-dama Michelle Bolsonaro na disputa, sua amiga de longa data. Ela afirmou que vai liberar o palanque da primeira-dama e que ela terá um “papel importante” na disputa do marido pelo Planalto.
"Eu vou liberar a Michelle porque a Michelle tem que andar o Brasil para a gente fazer palanque para o Bolsonaro no país inteiro. E a Michelle gosta demais da Flávia, eu não vou pedir pra ela entrar nessa não. Ela vai só orar por mim. Mas a gente tem que liberar a Michelle para palanques no Brasil inteiro, a Michelle vai ter um papel importante na reeleição do nosso presidente", comentou.
Michelle é considerada pelo comitê de campanha do PL um ativo eleitoral valioso, especialmente porque Bolsonaro tem grande rejeição no eleitorado feminino. Michelle tem participado de viagens oficiais com o presidente, além de ter marcado presença em eventos de filiação de aliados ao PL. Também esteve na filiação de Damares ao Republicanos.
No discurso durante a cerimônia, Damares aproveitou para “mandar um recadinho para alguns”. Sem dar detalhes, ela afirmou que o desejo pela sua pré-candidatura veio de decisões de um “certo poder” que colocaram em “xeque outros poderes”. Afirmou, também, que “alguns” mandaram o recado que vão “cercear” a liberdade de expressão no Brasil e citou, sem dar mais detalhes, o que “alguns fizeram com o Telegram no Brasil.
"Mandar recadinho para alguns, posso? Depois do que alguns fizeram com o Telegram no Brasil, depois que alguns mandaram recado que vão controlar a mídia, e vão cercear no Brasil a liberdade de expressão, foi nascendo o desejo de ser pré-candidata. Mas o que me mais me motivou? Umas decisões que foram proferidas recentemente por um certo poder, que eu não posso falar porque aqui ainda é pré candidatura. Algumas decisões que colocaram em xeque outros poderes", disse.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou em março a suspensão do aplicativo de mensagens no Brasil. O Telegram é um dos meios de comunicação mais queridos pelos bolsonaristas. O bloqueio do aplicativo foi solicitado pela Polícia Federal, que apontou ao STF o constante descumprimento de ordens judiciais pelo Telegram. A decisão foi revogada depois que a plataforma cumpriu integralmente as determinações impostas.