Daniel Silveira contradiz Marcos do Val e diz que não planejou gravar Moraes
O senador disse à PF que fez "acusações infundadas" sobre Bolsonaro e acusou o ex-deputado de tramar contra ministro do STF
O ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) divulgou neste domingo (23) uma carta na qual nega que tenha feito um plano para gravar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como foi relatado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES).
Silveira confirmou que participou de uma reunião com Do Val e o então presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, em dezembro do ano passado, mas alega que o nome de Moraes não foi mencionado no encontro.
"Durante a famigerada reunião, Marcos do Val elogiou o presidente e disse que lutaria no Senado pelas pautas conservadoras. O nome do ministro do STF sequer foi citado", escreveu Daniel Silveira.
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A carta, escrita à mão, foi divulgada pelo advogado de Silveira, Paulo Faria. O ex-deputado está preso desde fevereiro. Em nota publicada junto com a carta, Faria também afirmou que Do Val apresentou "falsas e levianas acusações" e que o senador responderá "civil e criminalmente por seus atos".
Silveira, Bolsonaro e Do Val prestaram depoimento à Polícia Federal (PF) sobre o episódio, que é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Entretanto, houve divergências nos relatos.
Do Val afirmou que, durante a reunião, ele conversa com Bolsonaro sobre "assuntos políticos" quando Silveira interrompeu a conversa para tratar sobre a “gravação do ministro” com a “finalidade de invalidar as eleições”. Bolsonaro só teria ouvido a proposta, sem se manifestar. O ex-deputado e o ex-presidente negam, no entanto, que esse assunto tenha sido tratado no encontro.
Na carta, Silveira afirma que Do Val pediu a ele que marcasse uma reunião com Bolsonaro, porque teria uma "informação importante" a passar que envolveria Alexandre de Moraes. O então deputado marcou o encontro, mas disse que o nome do ministro não foi mencionado. Silveira também diz que somente um "completo idiota" acreditaria na história contada pelo senador.
Na nota divulgada neste domingo, Paulo Faria ainda disse que não foi comunicado previamente do depoimento prestado por Silveira, que teria durado seis horas. Segundo ele, isso viola as prerrogativas do advogado e configura abuso de autoridade.
Silveira está preso preventivamente desde fevereiro, por descumprir medidas cautelares que foram impostas pelo STF. Ele também foi condenado a oito anos e nove meses de prisão por ataques e ameaças a ministros da Corte.