Daniel Silveira passa a noite em gabinete para não colocar tornozeleira eletrônica
Deputados da frente parlamentar evangélicas foram ao gabinete do deputado para rezar com ele
O deputado federal Daniel Silveira (União-RJ) passou a noite em seu gabinete, na Câmara dos Deputados, para não colocar uma tornozeleira eletrônica, como foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na noite de terça-feira, Silveira foi para o plenário da Câmara e indicou que dormiria lá para evitar que a ordem fosse cumprida. Depois, no entanto, voltou ao seu gabinete e ficou lá durante a noite.
A GloboNews filmou o parlamentar voltando para o gabinete com um travesseiro. Depois, o deputado Luiz Lima (PL-RJ) chegou ao local com um colchão.
Leia também
• Após pedido da PGR, Fachin arquiva um dos inquéritos contra ministro da Casa Civil Ciro Nogueira
• Após denúncia de Gabriel Monteiro e adolescente, polícia investiga vazamento de vídeo íntimo deles
• Conheça as acusações e polêmicas envolvendo Gabriel Monteiro
Pouco antes das 9h30, um grupo de parlamentares evangélicos foi ao gabinete de Silveira para fazer uma oração com ele. Eles ficaram cerca de 10 minutos no local.
— Não tem estratégia. Nós viemos orar por ele. Acabamos o culto da frente parlamentar evangélica e só vamos fazer oração — afirmou o líderes da frente, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
Questionado se seria correto orar junto com uma pessoa que estava descumprindo decisão judicial, Sóstenes responder que a igreja reza por todos.
— A igreja ora por todos os presidiários, inclusive. A igreja ora por todos os cidadãos.
O diretor-geral da Câmara, Celso de Barros, esteve no gabinete por cerca de meia-hora, mas não falou com a imprensa.
Na última sexta-feira, Alexandre de Moraes determinou que o parlamentar voltasse a usar o equipamento após participar de um evento público, descumprindo ordem da Corte. Na terça-feira, o ministro cobrou a instalação imediata da tornozeleira eletrônica.
Moraes registrou que, caso seja necessário, o procedimento poderia ocorrer "nas dependências da Câmara dos Deputados, em Brasília/DF, devendo esta Corte ser comunicada imediatamente".
Silveira, no entanto, disse que não iria cumprir a decisão.
— Não vão cumprir porque eu não vou aceitar. A ordem é ilegal e eu não aceitar. Não aceito de jeito nenhum, em hipótese nenhuma — declarou.
A decisão de Alexandre de Moraes atendeu a um pedido feito pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, que afirmou que Silveira vem agindo contra a democracia e tem aproveitado aparições públicas para atacar o tribunal e seus membros.
Aliado do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal foi detido em fevereiro de 2021 após divulgar um vídeo com ameaças aos magistrados. Em novembro de 2021, Moraes autorizou a soltura, mas fixou medidas cautelares. A lista incluía proibição de contato com outros investigados e de acesso às redes sociais.
O parlamentar virou réu no STF por atos antidemocráticos diante da divulgação de vídeos com ataques a ministros da Corte e às instituições do país.