Congresso do MBL

De "oportunista" a "tontos": Moro e integrantes do MBL acumularam atritos nos últimos anos

Participação do senador em evento do movimento de direita marca mais um episódio entre as idas e vindas da relação

Congresso da MBLCongresso da MBL - Foto: Bruna Pozelli/Instagram/Divulgação

O senador Sergio Moro (União-PR) compareceu em evento do MBL neste sábado (4), em meio a aplausos dos presentes e acenos de integrantes. Apesar de aliados desde a fundação do movimento, em 2014, a relação do parlamentar com os militantes foi marcada por uma série de atritos nos últimos anos, inclusive envolvendo participantes com quem dividiu palanque neste final de semana.

Neste sábado, o parlamentar e ex-juiz federal participou do 8º Congresso do MBL e dividiu o palco com alguns dos principais nomes do movimento, como o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) e o deputado estadual cassado Arthur do Val.

Em março do ano passado, porém, Moro teceu duras críticas a do Val em uma publicação nas redes sociais e afirmou que jamais "dividirei meu palanque e apoiarei pessoas que têm esse tipo de opinião e comportamento".

Na ocasião, Arthur do Val, um dos principais nomes do MBL e conhecido como "Mamãe Falei", vinha sendo condenado por ter falado, em viagem oficial à Ucrânia no começo da guerra contra a Rússia, que ucranianas são "fáceis, porque são pobres", citando a "facilidade" em se relacionar com as mulheres, que aguardavam apoio humanitário.

As críticas feitas a integrantes do movimento não são recentes. Mensagens privadas de Moro com procuradores da Lava-Jato, divulgadas pelos jornais Folha de S. Paulo e The Intercept Brasil, mostram que o ex-juiz federal se referia a participantes do MBL como "tontos".

Na ocasião, ele vinha criticando ao coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal, o hoje deputado federal cassado Deltan Dallagnol, uma manifestação organizada pelo movimento em frente à casa do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, em 2016. Ele se referiu ao ato como organizado por "alguns tontos daquele Movimento Brasil Livre".

O senador, por outro lado, já foi alvo de críticas públicas feitas por integrantes do movimento nas redes sociais. Entre o ano passado e o começo deste ano, Renan Santos, coordenador do MBL e um dos fundadores do movimento, já se referiu a Moro como "oportunista" e "falso", e criticou o espaço que partidos e movimentos davam a ele como um contrassenso à busca pelo novo na política.

Em uma das publicações, de janeiro deste ano, ele condena acenos da direita a Moro como forma de renovação política:

"Vejo gente clamando por "uma direita que não seja isso aí". Pois bem: não adianta clamar por algo novo e dar espaço pra Sérgio Moro e vagabundo de laranja. São apenas a continuidade da cultura da picaretagem na direita. Vai tudo ficar igual.

As idas e vindas na relação entre Moro e integrantes do MBL foi relembrada por internautas deste domingo, após o evento realizado pelo movimento. Eles expõem supostas contradições na postura dos dois lados, que apesar das críticas, dividiram o palanque neste sábado.

Desde a sua criação, em 2014, o MBL e boa parte de seus dirigentes sempre se posicionaram favoráveis à postura do então juiz federal Sergio Moro, responsável pelos casos da Lava-Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba.

Integrantes endossavam a imagem de heroísmo atribuída a ele e chegaram a organizar manifestações pró-Moro quando sua imagem passou a ser afetada perante a opinião pública. Durante o período eleitoral de 2022, Kim Kataguiri, por exemplo, foi um dos principais fiadores da campanha de Moro.

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