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CPI do MST

De segurança de Dilma e Lula a amigo de Mourão: saiba quem é o presidente da CPI do MST

Tenente coronel Zucco coordenou o GSI nas gestões do PT e foi subordinado a general Amaro e Gonçalves Dias; em 2018, foi o deputado estadual mais votado do RS com o aval do ex-vice-presidente

O Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS) é presidente da CPI do MSTO Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS) é presidente da CPI do MST - Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

Presidente e autor do requerimento de criação da CPI do MST, o oposicionista Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS) foi coordenador do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) entre 2010 e 2016, nas gestões de Lula (PT), Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB). Ele chegou a ser subordinado ao ex-ministro do GSI Gonçalves Dias e do atual titular da pasta, Marcos Amaro.

Em 2018, Zucco foi para a reserva do Exército, se elegeu deputado estadual pelo Rio Grande do Sul e abraçou bandeiras bolsonaristas — aborto, armas e contra a "ideologia de gênero". Sua proximidade com Jair Bolsonaro foi tão grande que ele estava na casa do então deputado na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, no dia em que o ex-presidente venceu as eleições. Em seguida, fez parte da equipe de segurança na transição de governo.

Amigo do ex-vice-presidente e atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Zucco foi o deputado estadual mais votado do Rio Grande do Sul. Na ocasião, ele usou o slogan "O homem que coordenou a segurança de presidentes da República está pronto para lutar para a segurança de todos os gaúchos".

Sobre ter sido responsável pela segurança de petistas, o militar chegou a gravar um vídeo à época em que afirmava ter apenas cumprido o seu dever profissional.

— Quando fui um dos escolhidos para coordenar a segurança da Presidência, fiz um bom trabalho com respeito, não importava quem era o presidente — disse.

Antes do ano eleitoral, seu perfil no Instagram se restringia a postagens sobre o Exército. Em janeiro de 2017, postou uma foto ao lado do general Santos Cruz, futuro ministro de Bolsonaro, que ainda não havia ganhado projeção nacional. Meses depois, fez uma publicação com a bandeira do Brasil em que reclamava de "políticos corruptos".

Em janeiro de 2018, foi a primeira vez em que Bolsonaro foi citado. Na época, Zucco gravou um vídeo ao lado do então parlamentar que o chamou de "colega de farda". O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) aparece em outro registro de quando o atual presidente da CPI esteve em Brasília para acompanhar o lançamento de um livro escrito pelo ex-presidente.

Ao longo de seu mandato na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (Alers), Zucco se manteve fiel ao discurso que o elegeu. Na pandemia, foi contra a obrigação do cartão de vacinação e uso de máscaras para crianças. Personagens famosos do bolsonarismo também foram defendidos por ele: o ex-juiz Sergio Moro (União-PR) e o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) ganharam postagens de defesa em momentos críticos para eles.

"Estamos contigo, Daniel", escreveu no dia em que o ex-parlamentar foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ataques às instituições democráticas.

No ano passado, sua candidatura para o Congresso recebeu o apoio do ex-presidente. Após a derrota de Bolsonaro, ele chegou a publicar lamentações. Atualmente, Zucco é investigado pela Polícia Federal por suspeita de ter incentivado e financiado manifestações contra o resultado das eleições presidenciais na porta de quartéis.

À frente da CPI do MST, Zucco não esconde seu discurso oposicionista. Ele é autor de um livro que narra os primeiros meses de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em sua opinião é "o maior desgoverno da história do país".

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