Defesa de Bolsonaro critica publicidade de delação de Cid e fala em investigação "semissecreta"
Advogados do ex-presidente afirmaram que vazamentos prejudicam direito a ampla defesa
A equipe de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro criticou o vazamento de parte da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do presidente.
Em nota divulgada à imprensa, os advogados de Bolsonaro destacou que, apesar do que chamou de "vazamentos seletivos", a defesa não tem acesso à íntegra da colaboração.
"Investigações "semissecretas" — em que às defesas é dado acesso seletivo de informações, impedindo o contexto total dos elementos de prova —, são incompatíveis com o Estado Democrático de Direito, que nosso ordenamento busca preservar", afirmaram os advogados.
Neste domingo, o colunista Elio Gaspari revelou que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro detalhou em sua delação os grupos que atuavam no entorno de Bolsonaro após a derrota nas eleições presidenciais de 2022, parte deles envolvidos na tentativa de ruptura da ordem democrática.
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Cid também relatou que Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, e Eduardo Bolsonaro, filho de Bolsonaro e deputado federal, integravam a ala mais radical do grupo mais próximo a Jair Bolsonaro.
No comunicado divulgado na tarde deste domingo afirmou que os vazamentos prejudicam o direito do ex-presidente à ampla defesa. O comunicado foi assinado pelos advogados Paulo Cunha Bueno, Daniel Tesser e Celso Vilardi.
Em novembro de 2024, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 39 pessoas pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
De acordo com a PF, foi identificada uma "organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República no poder."