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Operação da PF

Defesa de Cid diz que ele não lembrava de vídeo de reunião em que Bolsonaro discutiu golpe

Advogado afirma que tenente-coronel não explicou porque guardou o material, um dos itens usados para embasar operação contra Bolsonaro e ex-ministros

 Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro - Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alega que o militar não se lembrava da reunião ministerial usada em investigação da Polícia Federal e que ele não sabe explicar o motivo pelo qual guardou o vídeo.

O conteúdo da reunião do dia 5 de julho de 2022, na qual Bolsonaro instigou os ministros a uma ação golpista antes das eleições, foi usado pela PF em operação que atingiu o ex-mandatário e militares do seu entorno.

A operação deflagrada pela PF na última quinta-feira (8) apura suspeita de que uma organização criminosa atuou na tentativa de golpe de Estado. Ao Globo, a defesa de Cid disse que após a operação, o militar procurou o vídeo nos seus arquivos salvos para checar o conteúdo, mas que ele sequer se lembrava da reunião.

A defesa argumenta que foi pega de surpresa por alguns pontos da investigação da PF. Além da reunião, alegam que desconheciam o suposto monitoramento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, discutido por Cid e o ex-assessor especial da Presidência da República Marcelo Câmara.

Também não sabiam do diálogo entre o tenente-coronel e o major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins de Oliveira sobre o pagamento de R$ 100 mil para custear a ida de manifestantes a Brasília. Esses pontos ainda devem ser esclarecidos à PF quando Cid for intimado a depor novamente.

Diálogos obtidos pela PF mostram no dia 14 de novembro, Rafael, conhecido como "Joe", troca mensagens com Cid e fala da necessidade de recursos financeiros. O tenente-coronel, então, solicita que o major faça estimativa de custos com hotel, alimentação e material e pergunta se a quantia de R$ 100 mil seria suficiente. "ok!! Em torno disso", responde Rafael, que é, em seguida, orientado por Cid a levar a Brasília pessoas do Rio, que a PF acredita ser a cidade do Rio de Janeiro.

A defesa de Cid alega que nenhum valor foi pago, e que isso será explicado à PF em momento oportuno, quando o militar prestar novo depoimento. No caso do monitoramento de Moraes, a defesa alega que ainda não conversou com Cid sobre o assunto.

As investigações da Polícia Federal (PF) apontaram que um núcleo de inteligência paralela composta pelo general Augusto Heleno, Mauro Cid e Marcelo Câmara — integrantes do governo Jair Bolsonaro — teriam monitorado o itinerário, deslocamento e localização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com o objetivo de captura e detenção após a assinatura de um decreto de golpe de Estado.

De acordo com a PF, haveria um núcleo de inteligência, formado por assessores próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, “que teria monitorado a agenda, o deslocamento aéreo e a localização” do ministro do STF Alexandre de Moraes, “com o escopo de garantir a captura e a detenção do então chefe do Poder Judiciário Eleitoral nas primeiras horas do início daquele plano” golpista.

Conforme a decisão, Cid e Câmara usavam o codinome "professora" para identificar o ministro Alexandre de Moraes. Os deslocamentos feitos entre Brasília e São Paulo por Moraes no período coincidem com as informações relatadas pelos ex-assessores de Bolsonaro e também com as reuniões realizadas no Palácio da Alvorada sobre a confecção de uma minuta golpista.

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