Acusação de fraude

Defesa diz que Bolsonaro não pediu a ninguém para baixar certificado de vacinação

Relatório da PF apontou que documentos foram emitidos a partir de computadores do Palácio do Planalto; um dos acessos ocorreu a partir do celular de Mauro Cid, então ajudante de ordens

Jair Bolsonaro, ex-presidente do BrasilJair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta quarta-feira (3) que ele nunca acessou a sua carteira de vacinação virtual nem pediu para que baixassem o certificado no ConecteSUS.

— Vamos pontuar: o presidente nunca acessou, o presidente nunca soube a senha, nunca manuseou o gov.br. Não houve nenhum pedido (para baixar o certificado vacinação), até porque para o presidente da República não há obrigatoriedade de nenhum certificado. Para os países onde se exigia vacina, o presidente fazia o teste anteriormente à viagem ou ele declinava do convite — disse Fabio Wajngarten, assessor jurídico e ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro.

Ele estava ao lado dos advogados Paulo Cunha e Daniel Tesser. Os três passaram a tarde reunidos com o ex-presidente na sede do PL.

A investigação da Polícia Federal que apura suspeita de fraude nos cartões de vacinação de Bolsonaro, familiares e ex-assessores identificou que documentos de imunização no aplicativo ConecteSUS foram emitidos a partir de endereços de IP do Palácio do Planalto.

Os downloads foram feitos dias antes e na própria data da viagem de Bolsonaro a Orlando, na Flórida, para onde foi antes mesmo do fim de seu mandato. Um dos acessos ocorreu a partir do celular do tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens da Presidência — a conta de Bolsonaro no aplicativo estava atrelada a um endereço de email de Cid.

Segundo a PF, foi do celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, de onde saíram os documentos de vacinação do então presidente.

O militar foi alvo de prisão preventiva junto com outros dois auxiliares dirtos de Bolsonaro - Max Guilherme e Sergio Cordeiro. O ex-presidente, por sua vez, foi alvo de mandado de busca e apreensão.

A defesa do político do PL afirmou que ele teve uma arma confiscada pelos agentes da PF, mas continua com o passaporte em mãos.

Wajngarten também frisou que o cartão de vacinação de Bolsonaro já foi hackeado em um episódio anterior.

Em janeiro deste ano, um grupo de hackers divulgou o falso registro de uma dose que teria sido tomada por Bolsonaro em uma unidade de saúde de Perus (SP). Este episódio, no entanto, não tem nenhuma ligação com o que é investigado agora pela Polícia Federal.

No caso em questão, as vacinas que constam no cartão de vacinação de Bolsonaro, família e assessores teriam sido aplicadas na cidade de Duque de Caxias (RJ), além dos certificados terem sido baixados do Palácio do Planalto.

Sete horas no PL
Bolsonaro permaneceu na sede do PL por cerca de 7 horas, onde recebeu a visita dos advogados, filhos e aliados políticos. Deputados do PL, como Alexandre Ramagem e Altineu Côrtes, vieram lhe prestar apoio. Líder do PL na Câmara, Côrtes disse que Bolsonari estava "chateado" e se sentindo "perseguido" devido à ação da PF, que bateu à sua porta logo pela manhã.

Em um momento inicial, os parlamentares destacara que a investigação policial tinha objetivos políticos. Depois, com a divulgação do teor do inquérito, eles passaram a minimizar os supostos crimes imputados ao presidente.

— Acho que ele (presidente) pode sair fortalecido até pela desporporcionalidade dos fatos. Por causa de uma possível alteração no cartão de vacina tiveram seis pessoas presas — disse o deputado Marcelo Álvaro (PL-MG), ex-ministro do turismo na gestão Bolsonaro.

Os advogados de Bolsonaro disseram que ele só deve prestar depoimento à PF quando tiverem "total ciência" dos autos do inquérito.

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