Defesa diz que Bolsonaro sacou R$ 644 mil para pagar fornecedores em espécie por "segurança"
Segundo advogados do ex-presidente, esse tipo de procedimento era utilizado para pagamentos do dia a dia, com fornecedores pequenos, por razões de segurança
Os advogados de Jair Bolsonaro (PL) rebateram nesta segunda-feira (15) as suspeitas sobre movimentações nas contas pessoais do ex-presidente e da sua mulher, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Segundo a defesa, durante o seu mandato, a equipe da Ajudância de Ordens sacava, mensalmente, valores da conta pessoal do presidente para realizar pagamentos em espécie a pequenos fornecedores por razões de segurança.
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De acordo com uma planilha divulgada pela equipe que auxilia o ex-presidente, seus assessores sacaram R$ 644 mil em quatro anos, o equivalente a R$ 13 mil por mês.
— Essa maneira de atuação perdurou durante todo o governo. Havia uma contínua preocupação com fraude na conta do presidente, com depósitos escusos, para protegê-lo de fraudes bancárias — afirmou Fabio Wajngarten, assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo reportagem do portal UOL, a Polícia Federal identificou diálogos entre o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente e assessoras de Michelle em que tratam de saques para o pagamento de contas pessoais da então primeira-dama.
De acordo com a defesa do ex-presidente, esse tipo de procedimento era utilizado para pagamentos do dia a dia, com fornecedores pequenos, por razões de segurança. Com isso, o acesso desses fornecedores a informações pessoais do presidente e da primeira-dama não ocorreria.
— Havendo CNPJ, eram pagos os boletos diretamente, saídos da conta do presidente. Uma compra de pizza, uma ocmpra na farmácia, uma prestação de serviço pequena. Era pago em dinheiro para que não se expusesse o tomador do serviço. Além disso, temos o problema de proteção de segurança, em caso de compra, pequenas compras, para proteger para qualquer itpo de ataque, envenenamento — afirmou.
A defesa ainda justificou o motivo pelo qual a ex-primeira-dama utilizava um cartão em nome de uma amiga, Rosimary Cordeiro. De acordo com os advogados do presidente, Michelle utilizava o cartão da amiga desde 2011 porque não possuía renda própria e, portanto, não tinha acesso a crédito bancário. Essa prática persistiu durante o mandato, até 2021, quando Michelle fez um cartão em seu nome.
Questionados sobre o motivo pelo qual a ex-primeira-dama não utilizava um cartão adicional em nome do ex-presidente, a defesa de Bolsonaro afirmou que, segundo Michelle, isso ocorreu porque o presidente é "pão-duro".
— A defesa apresentará todo o mês a mês desse reembolso (da primeira-dama à amiga). Esse cartão permaneceu vigente até agosto de 2021, quando o banco ofereceu um cartão a ela e ela não mais precisava desse cartão adicional. Não há confusão de saques. Não há cruzamento de saques. 100% do custo de vida da família do presidente Bolsonaro saiu da conta pessoal do Presidente — afirmou Wajngarten.
O presidente Jair Bolsonaro prestará depoimento nesta terça-feira em razão do inquérito que investiga a fraude em seu cartão de vacinação. De acordo com seu advogado, Paulo Bueno, a expectativa é que os investigadores se atenham apenas a esse caso. Bueno afirmou, entretanto, que o presidente está à disposição também para esclarecer questões sobre os saques.
Dinheiro para os EUA
Os advogados de Bolsonaro confirmaram ainda que o ex-presidente transferiu recursos para uma conta em sua titularidade nos Estados Unidos. Segundo a defesa, isso ocorreu porque o ex-chefe do Executivo acredita que o atual governo não irá conduzir a economia corretamente.
Ao todo, Bolsonaro, enviou US$ 135 mil para uma conta no BB Americas, filial do Banco do Brasil nos Estados Unidos. Esse valor estava em uma conta-poupança no Brasil. A conta teria sido aberta em dezembro de 2022.
— Essa transferência aconteceu da conta do presidente vai Banco Central para uma conta também identificada em nome do presidente nos EUA. Porque ele acredita que o atual governo não vai conduzir bem a economia. Todo o dinheiro teve trânsito no Banco Central — afirmou seu advogado Paulo Bueno.