Defesa diz que Mauro Cid está colaborando com investigações e prestará novo depoimento na quinta
Nesta segunda-feira (28), o tenente-coronel prestou depoimento de 10 horas na sede da Polícia Federal
Um dia após o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, prestar um depoimento de 10 horas na sede da Polícia Federal, em Brasília, a defesa do militar disse que ele está colaborando com as investigações. Segundo o advogado Cézar Bittencourt, que assumiu a defesa do militar há cerca de 15 dias, ele prestará um novo depoimento na próxima quinta-feira.
Após ficar em silêncio nas primeiras vezes que foi chamado a depor à PF, Cid já prestou dois depoimentos aos investigadores desde a semana passada— um na sexta-feira e outro ontem.
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Ao Globo, o advogado Cezar Bitencourt confirmou a mudança de postura do seu cliente nos depoimentos.
— Estamos muito cansados, estamos verificando um monte de material. Tem documentos que a gente tem que analisar, a gente leva horas, papéis, a gente fica movimentando coisas — afirmou.
Os dois depoimentos prestados, segundo informações da PF, estavam relacionados ao inquérito que investiga a suposta contratação dos serviços do hacker Walter Delgatti Netto para invasão das urnas eletrônicas.
De acordo com Delgatti Netto, Mauro Cid teria participado da reunião em que a deputada federal Carla Zambelli promoveu entre ele e Jair Bolsonaro, em agosto do ano passado, no Palácio da Alvorada. O hacker está preso preventivamente por incluir no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), supostamente por ordem da parlamentar.
O advogado destaca que o depoimento que teve início ontem terá continuidade na quinta-feira, quando Cid será ouvido conjuntamente com outros envolvidos no caso das joias, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
— Vamos dar prosseguimento — disse Bittencourt.
Em entrevistas dadas logo depois de assumir o caso, o advogado indicou uma mudança na estratégia de defesa que indicava a culpabilização de Bolsonaro no caso das joias. Depois, porém, mudou de versão e deu declarações desencontradas.
Há duas semanas, Bitencourt disse ao Globo que o militar pretendia prestar um depoimento assumindo as negociações para revenda de um relógio Rolex, recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em viagem oficial.
No entanto, em entrevista à GloboNews, Bitencourt afirmou que essa suposta “confissão” está restrita ao Rolex e não às demais joias cujo destino é investigado pela PF. Ele também disse que o pagamento pode ter sido entregue por Cid a Bolsonaro ou a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Na semana passada, também em entrevista ao Globo, Bitencourt afirmou que a carreira de Mauro Cid foi marcada pelo respeito à “obediência hierárquica” dentro do Exército. Terceiro criminalista a assumir a defesa do ex-ajudante de ordens, ele disse que o oficial “sempre cumpriu ordens” e isso pode, inclusive, “afastar a culpabilidade dele” em investigações sobre o suposto desvio de joias do acervo presidencial e sobre a suposta fraude em cartões de vacina.
Nesta sexta-feira, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já havia passado mais de seis horas no local, sendo ouvido pelos investigadores. Somados os dois depoimentos dos últimos quatro dias, passou 16 horas na frente dos investigadores.