"Deixemos as eleições para outubro", diz Lira ao lado de Pacheco e Bolsonaro
Na abertura do ano legislativo, presidente da Câmara reclama da alta da inflação e combustíveis
Em solenidade que marcou a retomada dos trabalhos do Congresso Nacional, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pediu nesta quarta-feira união à classe política para tentar aprovar reformas em 2022. Para que o objetivo seja alcançado, Lira apelou aos presentes para que não haja a antecipação do processo eleitoral.
Ao lado do presidentes da República, Jair Bolsonaro, do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, Lira reclamou ainda da alta da inflação e do preço dos combustíveis.
Após citar os projetos aprovados em 2021 e tratar das prioridades neste ano, o deputado deu recado. Tanto Bolsonaro quanto Pacheco são pré-candidatos ao Palácio do Planalto. O presidente da Câmara indicou que as tensões da campanha podem piorar o cenário econômico.
— (Concluo o discurso) conclamando a todos que deixemos as eleições para outubro, deixemos os interesses políticos para outubro e agora trabalhemos com ainda mais afinco e unidos para aprovar as medidas que são tão necessárias para o país e para os brasileiros. As disputas e tensionamentos devem ficar para o momento de campanha. Agora o momento é união e diálogo porque o País tem pressa — declarou.
Aliado de Bolsonaro, Lira demonstrou preocupação com o cenário político e econômico. Ele afirmou que, em 2021, a Câmara “foi a grande fiadora da estabilidade” ao segurar “trancos e sobressaltos” . Segundo Lira, os parlamentares arrefeceram crises e diminuíram a pressão.
— Além da dor pela perda de familiares e amigos, o povo brasileiro e a economia global sentem as consequências econômicas da pandemia. O desemprego e a inflação são dois adversários que precisamos confrontar em 2022. Eles precisam ser vencidos com os instrumentos testados e reconhecidos pela ciência econômica, sem truques ilusionistas ou aventuras temerárias — ressaltou o presidente da Câmara.
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Entre os assuntos que ainda podem ser debatidos pelo Congresso, mas enfrentam dificuldades, Lira citou a reforma tributária, com unificação do PIS e da Cofins, e também a reforma administrativa.
— Ainda existem mais de 12 milhões de brasileiros desempregados, o que nos obriga a continuar na direção das reformas, para melhorar o ambiente de negócios, otimizar a organização do Estado e gerar emprego e renda.
Antes da solenidade, ao subir a rampa do Congresso, Bolsonaro usava máscara e estava acompanhado dos ministros Paulo Guedes (Economia) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo). Ambos tiveram desentendimentos com líderes do Centrão nos últimos meses.
Na solenidade, ainda estiveram presentes Marcelo Queiroga (Saúde), Ciro Nogueira (Casa Civil) e Fabio Faria (Comunicações).
Antes de Lira, Luiz Fux fez um discurso breve, no qual informou que estava entregando ao Congresso relatórios dos trabalhos da Corte e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão também presidido por ele, durante a pandemia. Fux congratulou Pacheco e Lira pela liderança que exercem, e desejou êxito aos parlamentares "no exercício de suas nobres funções legislativas".
— Os relatórios que ora entrego a este parlamento demonstram cabalmente que o Poder Judiciário se reinventou para continuar garantindo o acesso à Justiça e assegurando os direitos fundamentais pela população afetada pela pandemia. Imbuído assim de elevado espírito cívico, e deferente à harmonia entre os poderes, entrego os relatórios que demonstram que o Poder Judiciário se reinventou neste momento tão difícil para todos nós — disse Fux.
Ao abrir a sessão, o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pediu um minuto de silêncio em homenagem às mais de 600 mil vítimas da Covid-19.
Com o avanço da Ômicron, o Congresso retoma nesta quarta-feira os trabalhos de forma híbrida. A maioria dos parlamentares deve participar das atividades de forma virtual. Apesar disso, líderes da base e outros parlamentares comparecerem de forma presencial à solenidade.