Delação: Élcio diz ter recebido mil reais de Ronnie Lessa após mortes de Marielle e Anderson
De acordo com delator, ex-PM apontado como autor dos tiros teria dado o dinheiro e afirmado que pagamento não tinha a ver com o crime
No dia em que Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados, Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa terminaram a noite em um bar na Av. Olegário Maciel, na Barra, onde encontraram o ex-bombeiro Suel.
Embriagados, os dois decidiram voltar para casa, passando, primeiro, na de Lessa. Ao chegarem lá, o ex-policial militar teria dado mil reais a Élcio, reforçando que o pagamento de nada tinha a ver com o crime cometido horas antes.
Os detalhes fazem parte da delação premiada de Élcio à Polícia Federal, feita no dia 14 de junho. Nela, o delator explica a participação de outros suspeitos no crime, além de revelar detalhes da morte da vereadora e do motorista. Ele e Lessa eram amigos desde a infância, nunca haviam trabalho juntos como policiais, mas eram ativos na vida um do outro. Lessa, inclusive, era padrinho do filho de Élcio, e teria viajado com o menino para os Estados Unidos.
Na noite do crime, 14 de março de 2018, os dois seguiram o carro de Anderson e de Marielle da Lapa até o bairro Estácio, na Zona Norte do Rio, onde emparelharam os veículos, e Ronnie atirou de metralhadora contra o automóvel onde estava a vereadora. Os dois fugiram e foram para o bar "Resenha", na Barra da Tijuca.
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"Eu estava louco. Vomitei umas três vezes, querendo já sumir do mundo. Até ele (Ronnie) falava: 'qual foi Élcio?', porque eu ia atrás do carro toda hora. [...] Entramos no condomínio dele, desci do carro, ele ficou pra estacionar o dele no lugar do meu. Ele pegou e falou – nunca me esqueço disso – 'cara, tu tá duro?'. Eu falei: Tô... mas qual foi, o que é? Ele falou: 'vou te dar isso aqui cara, segura isso aqui...mas não é por causa disso não, hein...não tem nada a ver com o crime não', e me deu mil reais. Esse dinheiro ele me deu, mas falou que não tinha nada a ver com essa parada", disse Élcio à polícia.
Delação premiada
Élcio de Queiroz está preso há quatro anos suspeito de participar das mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. No dia 14 de junho, ele participou de uma delação premiada, na qual assumiu a participação no crime e deu detalhes sobre a noite dos assassinatos.
Nela, ele revelou o nome do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, preso nesta segunda-feira (24) pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Ele é suspeito de integrar milícia e de ter tentado matar a vereadora em 2017.
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