Delegada que trabalhou com Anderson Torres falta a depoimento após decisão de Nunes Marques
Presidente e relatora criticaram decisão de ministro que liberou investigada de comparecer à comissão; Marília Alencar é suspeita de t
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro previa ouvir, na manhã desta terça-feira (12), a delegada Marília Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça na gestão de Anderson Torres, mas ela não compareceu após obter um habeas corpus concedido pelo ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA), disse que a decisão do ministro é “lamentável”. A relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou que o habeas corpus obstruiu os trabalhos da CPMI porque Marília Alencar era peça-chave na investigação. Os parlamentares recorreram da decisão.
Alencar é investigada pela Polícia Federal sob suspeita ter participado do planejamento dos bloqueios feitos em rodovias pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia do segundo turno da eleição do ano passado.
A PF e os integrantes da CMPI suspeitam que as blitze feitas na ocasião tiveram o intuito de atrapalhar o deslocamento de eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva(PT), de modo a favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Um terço dos veículos parados em todo o país no dia 30 de outubro se concentrou na região Nordeste, reduto eleitoral de Lula onde o petista havia aberto uma ampla vantagem sobre Bolsonaro no primeiro turno.
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Marília Alencar elaborou uma planilha que mostrava as localidades onde Lula e Bolsonaro haviam obtido mais de 75% dos votos na primeira etapa da votação. A PF encontrou no celular dela uma imagem de um mapa que apontava somente as cidades nas quais Lula teve mais de 75% dos votos. Esses dados teriam orientado a PRF no planejamento das abordagens de veículos nas estradas, priorizando operações nos redutos lulistas.
Além de ter trabalhado no Ministério da Justiça, Alencar também era subsecretária de Inteligência do Distrito Federal enquanto Torres foi secretário. Ela estava nessa função no dia 8 de janeiro e é investigada por ter se omitido nessa data.
A delegada já foi ouvida pela CPI da Câmara Legislativa do DF e, na ocasião, negou ter cometido crimes. Ela sustentou que, nas duas funções, desenvolveu um trabalho técnico. Torres já depôs na CPMI do Congresso e também negou quaisquer irregularidades.
PM testemunha
Diante da ausência de Alencar, a CPMI ouve como testemunha a policial militar do DF Marcela da Silva Morais Pinno. No início da oitiva, a atuação dela no 8 de janeiro foi elogiada pela relatora, Eliziane Gama.
A cabo Marcela Pinno esteve na linha de frente no dia da invasão dos prédios dos três Poderes em Brasília, segundo os parlamentares. Ela e um colega foram jogados da cúpula do Congresso Nacional, de uma altura de 3 metros, e acabaram agredidos pelos manifestantes. Em maio, o governo distrital promoveu os dois PMs por atos de bravura. Pinno detalha à CPMI como foram as ações das forças de segurança no dia dos atos golpistas.
— O que me chamou muito a atenção foi a violência contra os policiais. Eles (manifestantes radicais) estavam dispostos a tudo — disse a policial.