Depoimento de hacker na CPI do 8 de janeiro repercute na mídia internacional
Walter Delgatti disse que pessoas ligadas a Jair Bolsonaro lhe pediram para invadir o sistema de votação eletrônico do TSE e que assumisse grampo contra Alexandre de Moraes
O depoimento de Walter Delgatti Netto à CPI do 8 de janeiro, nesta quinta-feira (17), repercutiu na imprensa internacional. As declarações do hacker foram noticiadas em publicações dos Estados Unidos, Europa e da América Latina, e descritas como "devastadoras".
A agência Reuters destacou que Delgatti disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu que ele adulterasse uma urna eletrônica para mostrar que o sistema eleitoral do Brasil era vulnerável a fraudes. Uma fonte disse à publicação que as alegações do delator "devastadoras" e que o partido de Bolsonaro "estava em crise".
Essa mesma fonte afirma que o depoimento de Delgatti "torna mais provável um mandado de prisão contra o ex-presidente".
"As evidências fornecidas pelo hacker, se comprovadas, podem levar a uma prisão imediata", disse uma fonte à Reuters.
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As informações foram replicadas na rede americana ABC, que destaca que "depoimento detalhado levanta novas acusações", lembrando que Delgatti afirmou ter encontrado "pessoalmente com Bolsonaro em 10 de agosto de 2022, por entre 90 minutos e duas horas na residência presidencial".
Ele conta também que "Bolsonaro pediu que ele adulterasse uma urna", para apontar uma suposta vulnerabilidade do sistema de votação brasileiro.
A agência Bloomberg destaca que Bolsonaro ainda teria garantido que Delgatti receberia um perdão presidencial caso fosse pego. Já o jornal britânico Independent lembra que o ex-presidente "há muito alimentava a crença entre seus partidários de que o sistema de votação eletrônica do país era propenso a fraudes, embora ele nunca tenha apresentado nenhuma evidência".
O argentino La Nación aponta que a divulgação de novas informações "aumenta os inúmeros problemas legais que Bolsonaro enfrenta sobre as atividades durante seu mandato".
O jornal El Diario, da Espanha, destaca que Delgatti "detalhou que seus encontros com o então presidente eram mediados pela deputada ultradireita Carla Zambelli", que, segundo ele, "chegou a encaminhá-lo cinco vezes ao Ministério da Defesa para discutir o assunto com especialistas em informática" do governo.