Deputado do PL vira alvo de pedido de expulsão por votações alinhadas à base de Lula
Dirigente do partido em Barreiras deu entrada em um processo disciplinar contra Bacelar; documento também pede punição de outros cinco políticos da sigla
Uma aproximação com o governo federal nas votações na Câmara dos Deputados colocou o parlamentar João Bacelar na mira de um pedido de expulsão do PL, que gera um verdadeiro racha no diretório estadual da Bahia. O documento assinado pelo presidente do partido no município de Barreiras, Comandante Rangel, também mira dois deputados estaduais por supostamente não estarem seguindo o "direcionamento programático da direita".
No caso de Bacelar, o deputado integra a chama "ala governista" do PL. As bancadas dos estados do Nordeste têm, desde o início do mandato do presidente Lula (PT) dado aval a algumas propostas do governo federal. Um dos casos em que este deputado gerou um desconforto interno ocorreu em dezembro passado, quando votou contra a urgência de um projeto que tentava derrubar uma portaria do Ministério da Justiça que determinou que todas as armas fossem registradas na Polícia Federal.
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Nas eleições municipais, os ânimos se exaltaram quando Bacelar gravou um vídeo em apoio ao candidato do PT em Barra, Romeu Junior. Na avaliação do Comandante Rangel, ele teria "passado do ponto".
— Bacelar é um deputado de cinco mandatos e sempre teve uma ligação de centro-esquerda, não posso colocá-lo no mesmo time dos bolsonaristas, mas acho que ele precisava se policiar. Ele pode contribuir (para o PL), mas precisa se readequar — diz o autor do pedido.
Procurado, o deputado se disse vítima de "perseguição" e afirmou que só deve satisfação de sua atividade legislativa ao presidente nacional, Valdemar da Costa Neto, a quem se referiu enquanto seu "amigo pessoal".
— Esse Rangel deveria se recolher à sua insignificância — afirmou João Bacelar.
Na mesma toada de Bacelar, os deputados estaduais Vitor Azevedo e Raimundinho Jr geraram insatisfações internas por votações favoráveis ao governo estadual de Jerônimo Rodrigues. Neste caso, o documento solicita que ambos sejam desligados da sigla.
Além dos mandatários, outros três políticos do PL são citados no pedido de expulsão: Raíssa Soares, Alexandre Moreira e Diego Castro. Raíssa e Castro foram citados em um recente "exposed" feito pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). Em mensagem publicada nas redes sociais, o filho do ex-presidente acusou ambos de financiarem críticas ao seu pai. Os dois negaram.
Durante a pandemia, Raíssa Soares foi secretaria de Saúde de Porto Seguro (BA) e ganhou o apelido de "doutora cloroquina". Ela ganhou visibilidade após gravar vídeo em que pedia ao governo federal, comandado à época por Jair Bolsonaro, que enviasse o kit Covid a Salvador.