Deputado que comparou mulheres com vacas se torna alvo de novo pedido de cassação
Após fala polêmica em junho deste ano, Gilberto Cattani (PL-MT) agora é acusado de violência de gênero por vereadora
Conhecido nacionalmente pelas ocasiões em que comparou gravidezes de mulheres com a gestação de vacas, o deputado estadual Gilberto Cattani (PL-MT) agora vive nova polêmica. Nesta semana, a vereadora de Cuiabá Maysa Leão (Republicanos) entrou com um pedido pela cassação de seu mandato após o parlamentar ter publicado, nas redes sociais, um trecho de uma entrevista que ela concedeu a um podcast.
Na ocasião, que ocorreu no início de agosto, Maysa afirmou que o ato de retirar o membro sexual de estupradores "macularia a civilidade" por ir contra à legislação brasileira. O deputado, no entanto, postou apenas postou poucos segundos da fala em seu Instagram e pediu para que seus seguidores comentassem o posicionamento da vereadora "a favor de estupradores".
A partir desta postagem, feita no último dia 13, eleitores de Cattani passaram a ameaçar a parlamentar com ameaças de estupro para que ela e sua família parassem de "defender bandido". "Não pensaria assim se fosse estuprada", disse um internauta.
Sete dias após a postagem, Maysa Leão teria enviado mensagem ao deputado pedindo para que excluísse o conteúdo. "O senhor que tanto se ofendeu com as ofensas proferidas à sua esposa e mãe, agora publica um recorte de fala que deturpa o entendimento do debate, e pior, ainda permite que remetam a minha pessoa ofensas de baixíssimo calão", disse a vereadora à época.
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O contato digital, no entanto, não foi respondido e um ofício foi encaminhado ao gabinete de Cattani reiterando a solicitação. Após o recebimento do documento formal, a defesa do deputado respondeu que o post não seria apagado e pediu para que a vereadora usasse os meios legais, caso desejasse o apagamento.
Na semana passada, Maysa registrou um boletim de ocorrência por violência política de gênero e encaminhou um pedido de providências para a Comissão de Ética da Assembleia do Mato Grosso. Diante disso, um novo processo de cassação poderá ser instaurado. Cattani também atuou contra ela, por meio de ação judicial, alegando calúnia e difamação.
"Ver meu nome ser manchado por esse post do deputado já foi de uma grande indignação, mas sentir na pele as consequências da incitação ao crime de ódio, calúnia, e difamação é algo que nem tenho palavras para expressar" disse Maysa Leão.
Em meio à repercussão, Cattani se limitou a compartilhar um tuite de autoria do deputado federal José Medeiros: "Gente com causa monotemática salvo raras exceções faz de tudo para puxar brasa para sua sardinha. Constrói o nome nas costas dos colegas, no desgaste do congresso, inventa estórias, caça confusão e ao ser contraditada se vitimiza dizendo-se ser vítima de racismo, homofobia, misoginia, violência de gênero. Fuja desse tipo, não dê palanque".
Passado de contradições
Desde junho, Gilberto Cattani é alvo de processo de cassação por ter comparado a gravidez de mulheres com a gestação de vacas em ao menos três ocasiões. As falas tiveram repercussão nacional e foi repudiada inclusive pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
A principal ocorreu em maio deste ano em sessão na Frente Parlamentar contra o Aborto:
"Quando minha vaca entra no cio, está no período fértil, e o touro cobre minha vaca, então ela está prenha. Isso é natural. Agora, eu pergunto a qualquer pessoa: o que tem na barriga da minha vaca? Se você pedir para essas feministas ou para essas pessoas que defendem o assassinato de bebês no ventre das mães, elas vão dizer que lá tem o feto. Não é o bezerro. Assim como eles falam da mulher, que dentro da barriga até a sexta semana é amontoado de células."
Já no ano passado, o Ministério Público do Mato Grosso (MP-MT) pediu a investigação do deputado por ter compartilhado uma imagem de uma criança segurando uma arma de fogo. Na ocasião, ele respondeu que o arsenal era de "brinquedo".