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São Paulo

Derrotado, Boulos silencia e tira semana de folga com a família para "repor as energias"

Deputado perdeu para Ricardo Nunes na disputa à prefeitura de São Paulo, e se limitou a publicar fotos nas redes sociais com a esposa e as filhas; Procurada, a assessoria diz não ter informações

Guilherme Boulos (PSOL-RJ) escolheu ficar calado sobre o revés nas urnas. Guilherme Boulos (PSOL-RJ) escolheu ficar calado sobre o revés nas urnas.  - Foto: Reprodução/redes sociais

Derrotado nas urnas no último domingo (30), o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) ainda não retornou às atividades parlamentares, tampouco se expôs a sabatinas, entrevistas ou qualquer agenda pública. Em publicação recente, o psolista aparece ao lado da mulher num cenário de praia e a legenda: “semana de repor as energias para voltar à batalha”.

Antes, na segunda-feira (28), foi a vez de um post que além da esposa também apareciam as filhas, e dizeres semelhantes: “um respiro com a família antes de voltar pra batalha!”.

O único momento mais político em suas redes foi uma arte em que pedia “justiça por Marielle e Anderson”, aludindo ao julgamento dos assassinos confessos da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista Anderson Gomes.

Nos últimos dias, a escolha de Boulos como candidato à Prefeitura de São Paulo foi criticada por membros do alto escalão petista. Pela primeira vez em quatro décadas, o PT deixou de encabeçar uma chapa na disputa pela prefeitura de São Paulo.

Em 2024, apesar do apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de fazer a campanha mais cara da capital paulista, o deputado não conseguiu atrair mais votos que na eleição de 2020, quando foi derrotado por Bruno Covas (PSDB). Para as eleições de 2026, o psolista teria no horizonte, além de disputar novamente a Câmara dos Deputados, concorrer ao Senado ou ao governo do estado.

Imediatamente após a divulgação do resultado, a campanha de Boulos, por sua vez, decidiu fazer um voto de silêncio. Marqueteiros, coordenadores, aliados de primeira hora, todos falavam em “refletir” e “digerir” a derrota antes de qualquer declaração.

O ex-candidato fugiu de coletivas. Ele se limitou a falar em meio a militância sobre não fazer um “discurso do perdedor” logo após o fechamento das urnas, e deixou o comitê onde acompanhou a apuração dos votos, na região central de São Paulo, sem falar com a imprensa.

Alvo de críticas do PT
Passado o pleito, lideranças petistas não esconderam a insatisfação, seja por perderem a cabeça de chapa ou por avaliarem Boulos como um nome não-competitivo. Um dos principais críticos da escolha foi o vice-presidente do partido, Washington Quaquá, deputado federal e prefeito eleito de Maricá (RJ).

“Escolhemos uma candidatura com um teto de limite de eleitor de esquerda. Parece que voltamos a reaprender a gostar de perder”. A crítica foi direcionada ao perfil de Boulos, já que Quaquá indicou — além de Ana Estela Haddad — Tabata Amaral (PSB) e Márcio França (PSB) como nomes viáveis de apoio. “O PT precisa rever suas pautas e suas prioridades urgentemente”, concluiu.

O secretário de Comunicação, Jilmar Tatto, e a tesoureira Gleide Andrade são lideranças que também têm críticas à escolha, conforme apurou o Globo.

Para Tatto, era necessária uma candidatura que sinalizasse mais ao eleitorado de centro, e foi um erro ter escolhido Boulos para encabeçar a chapa. “Nossa tática eleitoral foi errada”, avaliou.

Segundo ele, o partido teve apenas prejuízos já que o psolista não conseguiu levar o Executivo municipal e nem sequer formar uma base substancial, com o PT tendo elegido 8 vereadores na capital. “Não faltou dinheiro, não faltou apoio”, destacou.

— Temos um governo de centro-direita e sinalizamos, na principal cidade do país, uma candidatura de esquerda. Não era o perfil que a cidade queria — completou Gleide Andrade, em linha com a fala de Tatto. — Para ganhar a cidade deveria ser uma candidatura mais ao centro — disse, pontuando que esse deve ser o perfil almejado nas próximas disputas.

Boulos recebeu 40,65% dos votos e foi derrotado pelo atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que obteve 59,35%.

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