Justiça

Desembargador diz que não houve ofensa sexista de Bolsonaro a jornalista da Folha

Julgamento em segunda instância deve ser concluído na próxima quarta-feira

Jair BolsonaroJair Bolsonaro - Foto: Isac Nóbrega/PR

O desembargador Salles Rossi, da 8ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), acolheu a tese da defesa do presidente Jair Bolsonaro (PL) e considerou não ter visto ofensa sexista na declaração do presidente à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo.

Em março de 2021, Bolsonaro foi condenado em primeira instância a indenizar em R$ 20 mil a repórter, responsável por uma série de reportagens que revelaram esquema de disparos de mensagens em massa contra o PT nas eleições de 2018. Na ocasião, Bolsonaro derrotou o petista Fernando Haddad no segundo turno.

A repórter acionou a Justiça em fevereiro de 2020, quando sofreu um ataque de cunho sexual. Na ocasião, Bolsonaro disse em uma entrevista acompanhada por uma claque de apoiadores em frente ao Palácio do Alvorada que a repórter “queria dar o furo a qualquer preço contra mim”. No meio jornalístico, furo é um termo usado para designar informação exclusiva.
 

A declaração do presidente foi uma referência a um depoimento na CPI das Fake News feito por Hans River do Nascimento, ex-funcionário de uma agência de disparos de mensagens em massa por WhatsApp e fonte da reportagem de Patrícia.

Sem apresentar provas, Hans disse no depoimento que a repórter queria “um determinado tipo de matéria a troco de sexo”. A fala de Nascimento foi compartilhada em seguida nas redes sociais pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente.

No julgamento na segunda instância, a relatora, Clara Maria Araújo Xavier, votou pela manutenção da condenação e ainda pediu o aumento da indenização para R$ 35 mil.

"O apelado [Bolsonaro] proferiu discurso ofensivo, desrespeitoso, machista e mentiroso contra ela, utilizando-se de subterfúgio inescrupuloso para desacreditá-la como profissional e como mulher", disse.

Em seguida, o desembargador Salles Rossi abriu divergência. Ele argumenta que assistiu ao vídeo, mas não entendeu o uso do termo "furo" no sentido sexual. O julgamento foi suspenso com dois votos a 1 a favor da jornalista. Ainda faltam os votos de mais dois desembargadores. A sessão deve ser retomada na próxima quarta-feira.

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