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Justiça

Dino cita filme do Oscar, rebate tese de "velhinhas" no 8/1, diz que "golpe de Estado mata"

Em julgamento de denúncia contra Bolsonaro no STF, ministro afirmou que pessoas não iriam "rezar na frente do Congresso"

O ministro Flávio Dino, durante sessão da Primeira Turma do STFO ministro Flávio Dino, durante sessão da Primeira Turma do STF - Foto: Rosinei Coutinho/STF

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), rebateu nesta quarta-feira a alegação de que os atos golpistas do 8 de janeiro foram compostos por "velhinhas rezando com Bíblias".

Em seu voto no julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras sete pessoas por uma suposta trama golpista, Dino declarou que as pessoas não iriam "rezar na frente do Congresso Nacional".

Dino ainda citou o filme Ainda estou aqui, para afirmar que um "golpe de Estado mata", e fez uma piada sobre a "dor" dos brasileiros com a derrota por quatro a um para a seleção de futebol da Argentina na terça-feira.

— Há às vezes essa ideia: “Fulano de tal estava apenas com uma Bíblia”. Eu, de fato, imagino, pela minha fé religiosa, se a pessoa passa em frente à Catedral de Brasília, um dos mais edifícios mais belos da arquitetura do mundo e resolve rezar, ela não vai rezar na frente do Congresso Nacional — afirmou Dino, acrescentando: — Não precisa vir na Praça dos Três Poderes para fazer orações.

O ministro do STF ressaltou que no golpe militar de 1964 não houve mortes, mas que depois "milhares morreram", e disse que Ainda estou aqui, que venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional no início do mês, mostrou isso ao retratar o assassinato do ex-deputado Rubens Paiva.

— Se diz também: “Mas não morreu ninguém”. No dia 1º de abril de 1964 também não morreu ninguém. Mas centenas e milhares morreram depois. Golpe de Estado mata. Não importa se isto é no dia, no mês seguinte ou alguns anos depois. Vimos isto agora, porque a arte é fonte do Direito também, nas telas, pela pena de Marcelo Rubens Paiva, de outro pela genialidade de Walter Salles, Fernanda Torres e outros tantos que orgulham a cultura brasileira.

Dino considerou que uma tentativa de golpe que não deixou mortes não pode ser considerada de "menor potencial ofensivo":

— Golpe de Estado é coisa séria. É falsa a ideia de que um golpe de Estado, ou uma tentativa de golpe de Estado, porque não resultou em mortes naquele dia, é uma infração penal de menor potencial ofensivo.

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