Logo Folha de Pernambuco

ELEIÇÕES 2022

Dirigentes da terceira via alertam Eduardo Leite sobre risco de ficar isolado se migrar para o PSD

Leite ouviu de lideranças de União Brasil, MDB e Cidadania que seria mais fácil se aliar a essas siglas se permanecesse no PSDB

Eduardo LeiteEduardo Leite - Foto: Reprodução / Twitter

A eventual aliança entre União Brasil, MDB, Cidadania e PSDB nas eleições de 2022 é um dos trunfos dos tucanos para fazer o governador gaúcho Eduardo Leite ficar no partido. Em conversas reservadas, lideranças dessas siglas têm alertado Leite para o risco de isolamento caso escolha o PSD, presidido por Gilberto Kassab.

Dirigentes de partidos de centro que negociam com o PSDB ouvidos pelo Globo dizem que a conversa com o PSD sobre construção da terceira via teria que começar do zero, já que Gilberto Kassab não vem participando das negociações. Como o governador sempre diz que só aceita ser candidato se for dentro de um projeto de um grupo maior, a tese é que no PSDB esse arranjo já está mais encaminhado.

Leite ouviu de lideranças de União Brasil, MDB e Cidadania que seria mais fácil se aliar a essas siglas se permanecesse no PSDB. O governador sempre diz que só aceita ser candidato a presidente se for dentro de um projeto de um grupo maior.

Não por acaso, o governador tem considerado a possibilidade de ficar na sigla e renunciar ao governo estadual. Aliados que tentam convencer o governador a ficar dizem que a convenção da sigla vai homologar o nome do candidato a presidente, independente do resultado das prévias. Avaliam ainda que os demais partidos que negociam com os tucanos são simpáticos a Leite e que a aliança estaria acima da disputa das primárias do PSDB.
 

Presidente do Cidadania, Roberto Freire, fez um apelo a Leite para que siga no PSDB:

— Vejo ele (Leite) como uma liderança que tem uma visão social democrata que representa o nosso campo e que será importante para o futuro. Pedi pessoalmente que fique junto com a gente — afirmou Freire.

No União Brasil, Leite mantém boas relações com o secretário-geral da sigla, ACM Neto, que já fez elogios públicos ao gaúcho e sinalizou para ele que deveria continuar no PSDB. Já o presidente do partido, Luciano Bivar, tem dito a pessoas próximas que entende que o gaúcho deveria respeitar o resultado das prévias.

Nesta segunda-feira, o presidente nacional do partido, Bruno Araújo, fez mais um gesto pró-Leite, durante filiação à sigla do senador Alessandro Vieira.

— Houve um manifesto, talvez o mais poderoso entregue a um filiado do PSDB, para sua manutenção no partido. Confiamos firmemente que possamos continuar tendo o governador em nossos quadros — disse Araújo.

Assinada por ex-presidentes tucanos e até aliados do governador paulista, João Doria, a carta foi vista no partido como um aceno de que o gaúcho pode ter protagonismo tanto para ajudar a costurar uma aliança por uma candidatura única para a Presidência, tanto para concorrer à reeleição ou ao Senado. O cenário visto como mais provável, hoje, por correligionários é de uma renúncia de Leite, mas a ida para o PSD já não é mais vista como certa.

Araújo disse que PSDB, MDB e União Brasil devem apresentar um candidato único da chamada "terceira via" até 1º de junho.

Lideranças tucanas também não descartam a possibilidade de desistência de Doria, caso não melhore seu desempenho nas pesquisas. Essa hipótese abriria caminho para uma composição entre a senadora Simone Tebet e Leite. Aliados de Doria, no entanto, rechaçam isso e dizem que confiam na melhora de sua imagem.

Outra ponderação que Leite tem ouvido nos partidos de centro é que Kassab já fez sinalizações em direção ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que não é bem visto aos olhos do eleitorado conservador identificado com o governador gaúcho. No mês passado, o presidente do PSD disse não ser "impossível" apoiar o líder petista no primeiro turno. Em outras ocasiões, Kassab afirmou que apoiaria Lula num eventual segundo turno polarizado com o presidente Jair Bolsonaro.

Declarações como essas de Kassab colidem com a estratégia de Leite que tem tentado se apresentar com um possível candidato "despolarizante", sem manifestar preferência por qualquer um dos lados. Sempre que trata do quadro nacional, o governador costuma pregar união e fazer acenos para eleitores à esquerda e à direita. Nesse sentido, o discurso do gaúcho é elástico e mistura o combate às desigualdades sociais com uma agenda de reformas e medidas de austeridade fiscal.

Além disso, Leite tem sido pressionado para que decida logo sua situação eleitoral, já que sua sucessão ao Palácio do Piratini está emperrada.

Veja também

Militares indiciados pela PF queriam arrastar promotor e deputados para gabinete do golpe
OPERAÇÃO CONTRAGOLPE

Militares indiciados pela PF queriam arrastar promotor e deputados para gabinete do golpe

Governadora Raquel Lyra anuncia licitação para duplicação de trecho da BR-232
PE na Estrada

Governadora Raquel Lyra anuncia licitação para duplicação de trecho da BR-232

Newsletter