Do ministro ao sargento: os envolvidos de tentar trazer as joias de R$ 16 mi para Michelle Bolsonaro
As pedras preciosas seriam um presente do governo da Arábia Saudita à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro
Ao menos três pessoas e um ministério e um nome da Receita Federal estão envolvidas diretamente na tentativa do governo de Jair Bolsonaro tentar entrar no país ilegalmente com joias avaliadas em 3 milhões de euros — cerca de R$ 16,5 milhões na cotação atual.
O episódio, revelado pelo jornal Estado de S. Paulo nesta sexta-feira (3), aconteceu em outubro de 2021 e envolveu várias tentativas subsequentes de liberar os itens da alfândega no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, onde o material acabou apreendido por não ter sido devidamente declarado.
As pedras preciosas seriam um presente do governo da Arábia Saudita à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
De acordo com o Estadão, o conjunto composto de colar, anel, relógio e um par de brincos de diamante estava na mochila de um militar, assessor do então ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia).
Menos de um mês depois, o Itamaraty exerceu pressão sobre a Receita Federal na busca pelas joias. Em uma tentativa, a três dias do fim do governo Bolsonaro, em 29 de dezembro de 2022, um sargento da Marinha voltou a Guarulhos para tentar reaver a peça.
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Conheça os envolvidos e o que fizeram:
Marcos André Soeiro: assessor de Bento Albuquerque, trouxe as joias recebidas na Arábia Saudita dentro de uma mochila. As peças foram encontradas e apreendidas pela Receita durante o raio X feito pela fiscalização de rotina entre os passageiros do voo 773. Além das joias, dentro da mochila havia um certificado de autenticidade da marca Chopard.
Bento Albuquerque: em 2021, era o ministro das Minas e Energia do governo Bolsonaro. As joias ganhas foram encontradas na mochila do seu assessor. Ao saber que as peças haviam sido apreendidas pela Receita, Albuquerque retornou à área da alfândega e tentou, ele próprio, retirar os itens, informando que se trataria de um presente pessoal para Michelle.
Chefia da Receita Federal: o próprio comando do órgão entrou em campo para liberar o material, segundo o Estadão, mas os servidores do órgão mantiveram a decisão e fizeram valer a lei.
Ministério das Relações Exteriores: a pasta, via Itamaraty, pediu a Receita que tomasse as "providências necessárias para liberação dos bens retidos" em Guarulhos.
Jairo Moreira da Silva: chefe da Ajudância de Ordens do presidente, o sargento da Marinha seguiu para Guarulhos em 29 de dezembro de 2022 para "atender demandas" de Bolsonaro, conforme consta na solicitação de voo da Força Aérea Brasileira (FAB). Foi a última tentativa de reaver as joias. Bolsonaro viajou para os Estados Unidos no dia seguinte e não retornou ao Brasil.