Dona de cartão de crédito usado por Michelle Bolsonaro assume cargo no gabinete de Damares Alves
Segundo o ex-presidente Jair Bolsonaro, a ex-primeira dama usava o cartão de uma amiga, Rosimary Cardoso Cordeiro, porque "não possuía limites disponíveis"
Rosimary Cardoso Cordeiro, dona de um cartão de crédito usado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, assumiu um cargo no gabinete da senadora Damares Alves (Republicanos-DF). A nomeação saiu na edição da última sexta-feira (03) do Diário Oficial da União.
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Conforme consta no documento, Rosimary foi nomeada para exercer o cargo de "auxiliar parlamentar intermediário, AP-06, do Quadro de Pessoal do Senado Federal, no Gabinete da Senadora Damares Alves". Rosimary receberá um salário de R$ 6.082,47.
Rosimary já era funcionária do Senado Federal, no gabinete do senador Roberto Rocha (PTB-MA). Ela é amiga próxima de Michelle — ambas trabalhavam como assessoras de deputados na Câmara — e aparece em fotos ao lado de Bolsonaro e da ex-primeira dama.
Bolsonaro diz que Michelle não tinha "limites de crédito"
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em resposta por escrito ao portal Metrópoles, que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro usava o cartão de crédito de uma amiga porque “não possuía limites de créditos disponíveis”. A fatura do cartão de Rosimary Cardoso Cordeiro foi uma das contas que o ajudante de ordens de Bolsonaro pagou em dinheiro vivo, em agência do Banco do Brasil dentro do Palácio do Planalto.
Conforme reportagem da coluna de Rodrigo Rangel, do portal Metrópoles, as investigações sob o comando do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal descobriram que o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, o “coronel Cid”, ajudante de ordens de Bolsonaro durante seu governo, pagava contas do clã presidencial em dinheiro vivo. Os investigadores apuram agora se Cid operava uma espécie de “caixa paralelo”por meio de saques de recursos dos cartões corporativos, o que é negado por Bolsonaro.
Entre as contas pagas por Cid, estão faturas de um cartão de crédito adicional emitido no nome de Rosimary Cardoso Cordeiro, funcionária do Senado Federal lotada no gabinete do senador Roberto Rocha (PTB-MA). Ela é amiga próxima de Michelle — ambas trabalhavam como assessoras de deputados na Câmara — e aparece em fotos ao lado de Bolsonaro e da ex-primeira dama.
A investigação, que corre sob sigilo, apontou que era Michelle quem usava o cartão adicional de Rosimary, o que foi reconhecido por Bolsonaro na resposta enviada ao portal Metrópoles. Segundo o ex-presidente, “a primeira dama utilizou o cartão adicional de uma amiga de longa data” porque “a Michelle não possuía limites de créditos disponíveis”. Bolsonaro afirma também que “a última utilização foi em julho de 2021, cuja fatura resultou em quatrocentos e oito reais e três centavos”.
O ex-presidente disse ainda que “a senhora Rosemary Cordeiro é amiga da Michelle há mais de 15 anos”, quando questionado sobre a relação da família com a funcionária do Senado.
Pagamentos em espécie
Segundo o Metrópoles, os investigadores mapearam saques e pagamentos feitos por Cid na agência do Banco do Brasil que funciona no Planalto. A Polícia Federal, que conduz a investigação, aponta também que parte dos recursos usados vinha de saques dos cartões corporativos do governo. O inquérito teve acesso, inclusive, às imagens das câmeras de segurança da agência 3606 do Banco do Brasil no palácio presidencial.
Além disso, a investigação também aponta que o tenente-coronel Cid atuava como elo entre Bolsonaro e apoiadores radicais, que atuavam nas redes para organizar a militância bolsonarista. Entre os contatos frequentes do militar, estava o blogueiro Allan dos Santos, por exemplo, que teve prisão decretada por Moraes e vive nos Estados Unidos. O ex-presidente, inclusive, aparece como interlocutor em várias mensagens e gravou áudios que indicam que ele tinha conhecimento do que seu ajudante de ordens fazia.
Nas respostas enviadas ao portal Metrópoles, Bolsonaro afirma que “nunca foram feitos saques do cartão corporativo pessoal que ficava nas mãos dos ajudantes de ordens”, que as despesas administradas por sua equipe de ajudantes de ordens somavam R$ 12 mil por mês e que os pagamentos eram feitos com recursos “oriundos exclusivamente” de sua conta pessoal.
O ex-presidente destaca que “conforme o decreto número 10.374, de 2020, compete e faz parte das atribuições da ajudância de ordens prestar os serviços de assistência direta e imediata ao presidente da República nos assuntos de natureza pessoal”.
Sobre o contato com apoiadores radicais, Bolsonaro afirma que “os ajudantes de ordens são responsáveis pela condução e execução da agenda presidencial e durante o dia várias pessoas buscam contato com o presidente da República”.