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Jair Bolsonaro

'É maldoso falar que eu estava de férias', diz Bolsonaro

Presidente teve alta do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, nesta quarta-feira após se recuperar de uma obstrução intestinal

Bolsonaro em Santa CatarinaBolsonaro em Santa Catarina - Foto: Reprodução/Facebook

O presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde estava internado desde segunda-feira (3) para tratar uma obstrução intestinal, na manhã desta quarta-feira (5). Ele afirmou à imprensa que é "maldoso" dizerem que ele estava de férias em Santa Catarina, onde teve de interromper a viagem por causa do tratamento.

"(Sou) um presidente que não tem férias. É maldoso quem fala que estou de férias. Eu dou minhas fugidas de jetski, dou uns cavalos de pau com carro no Beto Carrero. Agora recebi uma intimação aqui. Eu ia saltar (de paraquedas) em fevereiro, agora recebi um aviso do Macedo aqui que não vou mais. Ia saltar para promover o nosso KC-390 (jato da Embraer), por livre e espontânea vontade" disse ele.

Bolsonaro estava no litoral catarinense desde 27 de dezembro, onde andou de jetski e fez um passeio ao parque temático "Beto Carrero World", na cidade de Penha, entre outras atividades. As férias do presidente vinham recebendo críticas da comunidade política e nas redes sociais por ocorrerem no momento em que as chuvas na Bahia atingiam inúmeras cidades, com 25 mortos e centenas de feridos. O governo federal recusou ajuda humanitária da Argentina às áreas alagadas, e o presidente chegou a afirmar que não esperava "ter que retornar antes" do fim de sua folga. É praxe que presidentes da República compareçam a locais de tragédia e demonstrar solidariedade aos atingidos.

Na saída do hospital, o presidente afirmou que o problema foi causado por não ter mastigado direito um camarão durante uma "peixada" no domingo e que "vai ser difícil seguir" a dieta recomendada.

"Eu posso falar. Eu não almoço, eu engulo. Na peixada, tinha uns camarõezinhos também. Eu engoli o peixe, comi o camarão" disse Bolsonaro, o único sem máscara no recinto para a coletiva de imprensa no hospital.

O médico Antônio Luiz Macedo, responsável pelo tratamento de Bolsonaro, declarou que ele deveria mastigar "15 vezes cada alimento", o que não teria sido feito. O presidente afirmou que "será difícil" seguir a dieta mais leve recomendada pela equipe médica.

Às 8h42, o presidente já havia anunciado a decisão em seu Twitter: "Alta agora. Obrigado a todos. Tudo posso naquele que me fortalece". Na foto publicada, ele aparece ainda na cama vestindo um uniforme do clube de futebol Juventus, do bairro paulistano da Mooca. Ele estava ao lado da equipe médica.

Bolsonaro estava internado há três dias. Ele afirma ter sentido "dores abdominais" na tarde do domingo. Ele interrompeu as férias em Santa Catarina para se tratar na capital paulista. Na última noite, Bolsonaro teve boa aceitação da dieta líquida e retirou a sonda nasogástrica que utilizava para o tratamento, segundo a equipe médica. O trato digestivo do paciente mostrou sinais de recuperação.

Pela manhã, após voltar de férias nas Bahamas para examinar o presidente, o médico Antônio Luiz Macedo descartou procedimento cirúrgico, já que a obstrução intestinal havia "se desfeito". O cirurgião acompanha Bolsonaro desde 2018, quando operou o então candidato do PSL após a facada na campanha eleitoral.

Bolsonaro, que estava de férias em Santa Catarina, afirmou ter passado mal após o almoço de domingo (2). Ele desembarcou em São Paulo e foi direto ao hospital, onde deu entrada por volta das 3h da segunda-feira em razão de um "desconforto abdominal", de acordo com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom).

No mesmo dia, o presidente sancionou a lei que recria a propaganda partidária no rádio e na televisão fora do período eleitoral, mas vetou a compensação fiscal às emissoras pela cessão do horário. A publicidade obrigatória dos partidos havia sido revogada em 2017.

É a segunda vez em seis meses que o presidente é internado em São Paulo por conta de dores abdominais. Em julho de 2021 ele teve alta após cinco dias com diagnóstico de obstrução intestinal. Na ocasião, Macedo afirmou que o presidente deveria se alimentar com alimentos não fermentados para evitar a formação de gases, e descartou a realização de uma sétima cirurgia.

A obstrução intestinal ocorre quando há bloqueio de parte do intestino, o que impede o funcionamento normal do sistema digestivo ou a passagem das fezes. Em julho passado, Bolsonaro reclamava de soluços persistentes havia mais de dez dias até ser internado.

O tratamento indicado para esse tipo de obstrução consiste em suspender a alimentação, manter a hidratação intravenosa, realizar caminhadas para movimentar o intestino e instalar uma sonda para drenar o conteúdo do estômago. Cirurgias só são indicadas quando o tratamento clínico não dá resultado em cerca de 48 horas, segundo cirurgiões.

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