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"É preciso ter paciência, conversar com quem você não gosta", diz Lula sobre negociação no Congresso

Lula afirmou ainda que não "negocia com o Centrão", mas que conversa com partidos políticos

Lula criticou futebol brasileiro em live exibida no YouTube Lula criticou futebol brasileiro em live exibida no YouTube  - Foto: Reprodução/YouTube

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (11) que é preciso ter "paciência" e conversar "com quem você gosta, com quem você não gosta" para aprovar projetos do governo no Congresso Nacional. Na semana passada, Lula recebeu membros do Centrão no Palácio do Planalto após a Câmara aprovar a Reforma Tributária e o projeto que estabelecendo regras para o julgamento do Carf.

O governo tenta ampliar o espaço dos partidos do bloco e da oposição para ampliar a sua base de apoio no Congresso.

"É preciso ter paciência, conversar com quem você gosta, com quem você não gosta, ouvir coisas boas, coisas ruins. Não é a política "dando que se recebe" que todo mundo fala. Pensado para tentar engajar apoiadores do governo nas redes sociais, o programa tem sido transmitido todas as terças-feiras, pela manhã, do Palácio da Alvorada. Além das suas próprias páginas na rede social, Lula tem usado também a página nas redes sociais da TV Brasil, empresa pública de televisão, que é destinada para divulgar ações do governo."

Lula ainda afirmou que é "normal" que você negocie" com as diferenças forças políticas e aceite as alterações feitas nos textos enviados pelo Palácio do Planalto. Lula citou que o processo ocorreu durante a votação da Reforma Tributária. Na semana passada, o presidente chegou a afirmar que o texto era o que ele desejava, mas que o governo "não é senhor da razão".

"É normal que você negocie. [...] E o cara pode ter uma boa ideia, não é só o governo que pode ter uma boa ideia. Às vezes um cara apresenta uma sugestão numa medida provisória, num PL, melhor que o governo apresentou. Então, aquilo é feito um acordo e é votado e você precisa convencer a maioria. Foi o que aconteceu com muita persistência, habilidade, do nosso ministro da Fazenda, Haddad, nosso líder do Senado, Jaques Wagner, nosso líder da Câmara, José Guimarães, nosso ministro Padilha"

O texto-base da reforma foi aprovado com uma votação história na Câmara dos Deputados com 375 votos a favor e 113 contra. Lula afirmou nesta terça-feira que espera repetir a votação no Senado.

"Eu estou feliz porque foi uma semana muito importante para o Brasil. Não foi importante para o governo, foi importante para o Brasil. E eu espero que o Senado repita a votação da Câmara e eu espero que a gente chegue no fim do ano com a política tributária nova para que a gente nunca mais fique falando de política tributária nesse país."

Lula ainda afastou a ideia de que "negocia com o Centrão" e afirmou que conversa com partidos políticos. O presidente afirmou ainda que é preciso "construir governabilidade" e que o governo conseguiu alcançá-la na votação da reforma.

"A gente não negocia com o Centrão. O Centrão não é um partido político. O Centrão se junta em razão de determinadas coisas. Mas habitualmente você negocia com o partido. O PT, o PSB, o PCdoB, o PDT, o PSD, o União Brasil, Republicanos, PP. São com esses partidos que você negocia [...] Você não negocia com suplente, você negocia com quem foi eleito, com quem tem mandato, e portanto você tem que estar aberto a conversar. Precisamos construir essa governabilidade, e ela foi construída para votar a política tributária porque não era uma coisa de interesse do Haddad, do Lula, era de interesse do país."

Juros
Durante a live, Lula voltou a criticar a taxa de juros do país e afirmou que "logo logo vai começar a abaixar". O presidente afirmou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é "teimoso" e "tinhoso", mas que "não tem explicação" para a taxa.

"As pessoas estão ficando mais otimistas, a inflação está caindo, e logo logo vai começar a abaixar a taxa de juros, porque o presidente do Banco Central é teimoso, tinhoso, mas não tem mais explicação."

INSS
Lula afirmou que discutirá ainda nesta semana o problema com as filas no INSS. Segundo dados divulgados pelo presidente do Ministério da Previdência Social, Carlos Lupi, mais de 1 milhão de pedidos de aposentadoria, pensão e demais benefícios aguardam análise. O número é referente ao mês de junho.

"Eu tenho uma reunião essa semana para discutir qual é o problema que está acontecendo que as filas (do INSS) tem por volta de 1,9 milhão de pessoas. Não há nenhuma explicação, a não ser ‘ah, eu não posso aposentar porque eu não tenho dinheiro para pagar’. Se for isso, a gente tem que ser muito verdadeiro com o povo e dizer porque que tem essa fila. Se é falta de funcionário a gente tem que contratar funcionário, se é falta de competência, a gente tem que trocar quem não tem competência. O dado concreto é que nós provamos que não precisa ter fila no INSS, nem para receber o benefício e muito menos para fazer perícia médica."

Outras lives
Lula deu as declarações durante a live "Conversa com o Presidente". Na última edição, Lula chamou de "inaceitável" a carta com condições da União Europeia para um acordo econômico com o Mercosul e afirmou que não se pode "imaginar" um parceiro comercial "impondo condições". Lula ainda afirmou que criticou os termos do acordo durante encontro com o presidente francês, Emmanuel Macron, e com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

O acordo de comércio que está sendo desenhado com a União Europeia está travado por imposições do bloco europeu que desagradam lideranças do Mercosul. O presidente Lula já afirmou que espera destravar as negociações e finalizar o acordo até o final do ano, mas até agora não há uma solução para os impasses.

O acordo de livre comércio UE-Mercosul foi selado em 2019, após mais de 20 anos de negociações, mas nunca foi ratificado, em parte devido à preocupação na Europa com política ambiental do ex-presidente Jair Bolsonaro.

No entanto, em março deste ano, o lado europeu enviou uma side letter — um adendo que, na prática, amplia e modifica o acordo — exigindo novos compromissos ambientais como requisito para a assinatura do documento.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, já reconheceu que o novo documento "não foi bem recebido" pelos países sul-americanos e afirmou que a Europa continua à espera de uma "resposta concreta" aos seus pedidos.

Na última live, o presidente também afirmou que Lula ainda afirmou que os presidentes do Mercosul irão para Bruxelas para discutir com a União Europeia sobre o acordo e que é preciso ter uma resposta do que os países da América Latina querem para "consolidar o acordo".

Lula embarca para Bruxelas no sábado. Na semana passada, durante a cúpula do Mercosul, os presidentes discutiram a resposta que seria apresentada neste final de semana.

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