"É preconceito reduzir funções políticas de Silva e Luna por ser militar", diz Temer
General indicado por Bolsonaro para presidir estatal foi ministro da Defesa do ex-presidente
Segundo o ex-presidente Michel Temer (MDB), reduzir as habilidades políticas e administrativas de Joaquim Silva e Luna, indicado para assumir a Petrobras, por ele ser militar, é preconceito.
Em 12 anos como oficial da ativa, Silva e Luna foi comandante de brigada, diretor de patrimônio, chefe do gabinete do comandante do Exército e chefe do Estado-Maior do Exército.
"Não tenho objeção [de ter militares no governo]. Você distinguir militar de civil é preconceito, que é proibido pela Constituição. Luna é civil há muito tempo, não pode ter seus direitos políticos porque foi militar", disse Temer em evento da corretora Necton nesta terça-feira (23).
Silva e Luna foi ministro da Defesa no governo Temer. Atualmente é diretor-geral da Itaipu Binacional.
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Na sexta (19), o general foi indicado por Jair Bolsonaro (sem partido) para o cargo de novo presidente da Petrobras, substituindo Roberto Castello Branco, alvo de críticas do presidente por reajustes no preço dos combustíveis.
"Silva e Luna é extremamente preparado administrativamente. Aliás, os militares em geral são muito preparados, conhecem o Brasil muito bem. Como ministro e secretário executivo [do ministério da Defesa], ele teve desempenho administrativo extraordinário. É politicamente habilidoso", disse Temer.
O ex-presidente afirmou que as pessoas vão se surpreender com a capacidade administrativa e experiência de Luna e Silva. "Ele tem condições de gerir a Petrobras."
"Como as coisas estão feitas, não vamos ficar reclamando e fazendo análises. Agora tem que resolver, já foi feito mesmo. Tem que resolver com o Luna."
Segundo Temer, a perda de R$ 102,5 bilhões no valor de mercado da Petrobras com a interferência de Bolsonaro é um abalo sísmico, que logo passará.
"Está feito e agora o ideal seria que pessoas se entendessem na Petrobras. Acho que deve se solucionar rapidamente. Assim que se solucione e pacifique, ações voltam a subir. A Petrobras tem uma credibilidade muito grande. Quanto antes resolver, melhor para o acionista, para a Petrobras e para o país."
O político também comentou os projetos que tramitam no Congresso. Segundo ele, a reforma tributária tem que ser feita como uma simplifiação de tributos e não redução de impostos, o que seria inviável no momento, com o crescimento da dívida pública devido aos gastos do governo com a pandemia.