BRASIL

Eduardo Bolsonaro diz ter destinado R$ 9,5 milhões via orçamento secreto; entenda

Congresso enviou ao Supremo documentos mostrando as indicações dos parlamentares

Eduardo BolsonaroEduardo Bolsonaro - Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Filho do presidente Jair Bolsonaro, deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi um dos que admitiu ao Supremo Tribunal Federal ter enviado recursos públicos a redutos eleitorais por meio das chamadas emendas de relator, mecanismo do orçamento secreto.

Segundo dados de uma planilha apresentada pelo gabinete do parlamentar, Eduardo destinou um total de R$ 9,5 milhões para 25 municípios paulistas, incluindo Miracatu, no Vale do Ribeira, onde o seu tio, Renato Bolsonaro, é chefe de gabinete do prefeito.

O documento foi enviado ao presidente do Senado e do Congresso Nacional, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que o encaminhou para o Supremo, juntamente com informações prestadas por mais 404 parlamentares.

Segundo Eduardo, as indicações foram feitas nos anos de 2020 e 2021. Os valores contemplam municípios paulistas e envolvem programas geridos pelo Ministério da Educação, pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, pelo Ministério da Saúde, pelo Ministério da Agricultura, e pelo Ministério da Cidadania.
 

Segundo a planilha, foram:

-R$ 600 mil para a infraestrutura para a educação básica no município de Barretos;

- R$ 2,5 milhões para pavimentação e recapeamento em cinco municípios paulistas;

- R$ 4,9 milhões para o custeio dos serviços de atenção primária à saúde em 15 municípios paulistas;

- R$ 900 mil para a compra de máquinas agrícolas em três municípios paulistas;

- R$ 600 mil para eventos esportivos em dois municípios paulistas.

O Senado enviou nesta segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) cerca de 100 documentos com informações sobre as indicações de repasses do orçamento secreto.

A divulgação dos autores dos repasses havia sido uma exigência da Corte ao Congresso quando liberou os pagamentos, no fim do ano passado. Segundo o Senado, 340 deputados e 64 senadores repassaram informações. Alguns deles disseram não terem sido contemplados.

Em dezembro de 2021, o plenário do STF referendou decisão da ministra Rosa Weber e deu prazo de 90 dias para o Congresso dar ampla publicidade ao orçamento secreto. Os documentos enviados agora foram redigidos pelos próprios parlamentares, apontando as verbas que eles tinham indicado.

O orçamento secreto utiliza as chamadas emendas de relator (identificadas pelo código RP-9) para multiplicar, sem transparência, a quantia que parlamentares têm o direito de indicar para seus redutos eleitorais, dificultando o controle do dinheiro público pelos órgãos de fiscalização.

As destinações são assinadas pelo relator-geral do Orçamento no Congresso, responsável por registrar os pedidos da verba. A informação de quem é o verdadeiro padrinho da emenda, porém, não é divulgada na maioria das vezes. Esse sistema motivou a ministra Rosa Weber a determinar que o Congresso informasse os nomes de todos os beneficiários das emendas de relator até 17 de março — prazo que foi descumprido.

Veja também

Como Israel construiu uma empresa de fachada para colocar explosivos nos pagers do Hezbollah
ORIENTE MÉDIO

Como Israel construiu uma empresa de fachada para colocar explosivos nos pagers do Hezbollah

PF vai identificar quem está usando o X de forma irregular após decisão que suspende plataforma
BRASIL

PF vai identificar quem está usando o X de forma irregular após decisão que suspende plataforma

Newsletter