Eduardo Leite diz que não é 'salvador da pátria' e que abre mão por nome forte de centro
Em disputa com João Doria nas prévias nacionais do PSDB, o governador gaúcho Eduardo Leite afirmou em um jantar com empresários na noite deste domingo (17) que não quer ser o salvador da pátria e que abriria mão da candidatura se houvesse um nome forte para a terceira via.
"A gente não pode mais permitir que se acredite que no Brasil a gente vai eleger um mito ou salvador da pátria. Eu não sou candidato a mito nem a salvador da pátria", disse Leite, acrescentando que não se muda o país por ruptura.
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Em São Paulo para a campanha das prévias no partido, Leite participou de um jantar com mais de cem pessoas na capital paulista, organizado pelo grupo Esfera Brasil, que fomenta o diálogo entre o setor produtivo, o governo federal e o Congresso.
O evento foi na casa do empresário João Camargo, presidente da organização, no bairro do Morumbi.
Luiza Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza, Marcelo Claure, do Softbank, Chieko Aoki, do Blue Tree Hotels, Issac Sidney, presidente da Febraban, e Claudio Lottenberg, do conselho do Albert Einsten, foram alguns dos presentes.
Também compareceram cerca de dez prefeitos, como de Jacareí e São José dos Campos, e Gilberto Kassab, presidente do PSD, que afirmou a interlocutores que Leite irá vencer a disputa.
"Se Doria resolver o problema de rejeição e decolar nas pesquisas até as prévias, não tenho nenhum problema de retirar a candidatura, mas não estou vendo isso nesse momento", disse o tucano. "Eu vou ganhar as prévias", acrescentou.
Segundo presentes, o clima era de entusiasmo e alguns participantes trataram o evento como o jantar da virada.
"Se tiver outro candidato que flagrantemente reúna melhor, que mais aglutine, que mais se viabilize, eu não vou ser obstáculo para fazer concililação. Eu quero ajudar esse país a sair dessa maluquice."
O governador gaúcho também defendeu que o Brasil tenha um "centro que caminhe para a frente" e que ele não quer escolher entre ser eficiente e privatizar ou ser sensível e fazer programas sociais de transferência de renda.
"Acho, inclusive, que são complementares. Preciso de um governo enxuto para ter recurso e aplicar naquilo que promova a população de baixa renda."
Em uma briga deflagrada na sigla, Leite alfinetou Doria durante a tarde. Afirmou que "negar participação no debate e lançar suspeitas à forma de votação é coisa do bolsonarismo". "Espero que não volte o BolsoDoria."
Ele se referia à recusa inicial do paulista em participar de um debate, marcado para terça-feira (19), e à desconfiança levantada por aliados de Doria ao sistema de votação eletrônica do pleito, um aplicativo desenvolvido no Rio Grande do Sul. Leite também foi eleitor de Bolsonaro no segundo turno.
Na semana passada, o Esfera reuniu cerca de 20 empresários em um evento com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Na ocasião, o petista fez questão de pontuar o partido como uma sigla de centro-esquerda, disse não acreditar em uma terceira via e que a vingança de Lula seria fazer um bom governo.