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Maranhão

Eleição em reduto do ministro Juscelino Filho, no Maranhão, tem racha familiar e troca de ataques

Grupo político do chefe das Comunicações do governo Lula enfrenta oposição do tio dele, candidato a prefeito com apoio do PT e que denuncia "corrupção"

Juscelino Filho, ministro das Comunicações Juscelino Filho, ministro das Comunicações  - Foto: Davi de Queiroz/ Folha de Pernambuco

Uma briga familiar movimenta a disputa eleitoral em Vitorino Freire (MA), cidade de 30 mil habitantes que é reduto do ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União).

O tio dele, Cyreno Rezende (PSB), é o candidato de oposição à irmã do ministro, a prefeita Luanna Rezende (União).

Ela está no segundo mandato e escolheu um nome de fora da família para sucedê-la: o ex-motorista e ex-secretário municipal Adriano Magalhães, conhecido como Fogoió (União).

A decisão revoltou os familiares, que, além de formarem uma coligação com o PT e o governador do Maranhão contra o grupo do ministro, passaram a acusá-lo de corrupção e traição.

O movimento de oposição ao ministro foi deflagrado por outro tio, o ex-deputado estadual Stênio Rezende, que é considerado uma espécie de padrinho político de Juscelino.

Com cinco mandatos na Assembleia Legislativa do Maranhão, ele disse que se sente traído pelo ministro que ajudou a eleger como deputado federal em 2014.

— Se quiser conhecer o caráter do homem, dê poder a ele. Eu ajudei a formar o ministro Juscelino. Ele pegou musculatura, entrou no Centrão e aprendeu outras formas de governar. Mudou principalmente quando chegou ao ministério — disse Stênio, ressaltando que a prefeitura de Vitorino Freire virou uma “empresa particular” de Juscelino.

Em nota, o ministro afirmou que “lamenta” essa situação envolvendo a sua família e que o seu tio tem direito de concorrer. “Espero que a campanha seja limpa e baseada em propostas, pois é isso que os cidadãos de Vitorino Freire esperam. Em relação à minha família, só tenho a dizer que lamento que essa situação tenha ocorrido”, concluiu.

Para derrotar o candidato dos dois sobrinhos, Stênio formou uma coligação em torno do irmão, o vereador por seis mandatos e agora postulante a prefeito Cyreno Rezende, que envolve os partidos PSB, PCdoB, Rede, PV e PT.

O material de campanha ressalta o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao candidato adversário do ministro.

Juscelino minimizou o apoio do PT e disse que o governo federal e as eleições municipais são “questões diferentes”: “É uma tentativa de associar sua candidatura a uma figura popular, mas não implica necessariamente em um apoio direto do presidente”.

Mais do que usar a imagem do chefe do ministro contra ele, Cyreno tem focado a sua campanha em denunciar supostos esquemas de corrupção praticados por Juscelino e Luanna — “os filhos de José”, como ele os chama — no estado do Maranhão.

Acusações de corrupção
O indiciamento do ministro e da prefeita pela PF em um suposto esquema de desvio de emendas virou um dos principais mantras repetidos pelo tio.

A PF atribui à dupla os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

A prefeita chegou a ser afastada do cargo em 2023, mas retomou o mandato por determinação do Superior Tribunal Federal (STF). Os dois negam as irregularidades.

— Estão comprando o apoio dos vereadores com emendas. O que eles estão fazendo é uma vergonha — acusou Cyreno, que disse já ter protocolado seis denúncias no Ministério Público do Maranhão contra a sobrinha prefeita.

Sobre as novas acusações dos tios, o ministro afirmou que elas se tratam de “fake news”.

“As alegações são totalmente fantasiosas e não contam com uma única prova. Espero que a disputa eleitoral seja construtiva e não baseada em ataques pessoais”.

Já Luanna afirmou, em nota, que “é comum que surjam acusações que podem não estar embasadas em fatos durante períodos eleitorais”.

“Gostaria de enfatizar que minha gestão tem sido pautada pela transparência e responsabilidade com os recursos públicos. Estou tranquila quanto à lisura do meu trabalho e confio que a verdade prevalecerá”.

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