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CÂMARA DOS DEPUTADOS

Elmar faz o L: atrás de apoio para a sucessão de Lira, deputado busca MST e sindicatos

Líder do União aumentou a frequência no Planalto e mantém interlocução com o ministro Rui Costa

Deputado Elmar Nascimento (União Brasil) Deputado Elmar Nascimento (União Brasil)  - Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados

Interessado no apoio do Palácio do Planalto e nos votos da bancada do PT na corrida pela sucessão de Arthur Lira (PP-AL), o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), vem fazendo uma guinada estratégica à esquerda. O parlamentar trocou os embates com o partido, seu adversário em muitas eleições na Bahia, por fotos com Lula, visitas ao Planalto e encontros com o Movimento dos Sem Terra (MST) e sindicalistas.

Os acenos, que já aconteciam em menor escala, se tornaram mais frequentes e explícitos a partir de setembro, mês em que Lira desistiu de apoiá-lo e passou a tentar construir um consenso em torno do nome de Hugo Motta (Republicanos-PB).

Desde então, Elmar aumentou a frequência no Planalto e mantém interlocução com o ministro Rui Costa (Casa Civil), com quem recompôs relações durante o governo após um histórico de atritos na Bahia e até mesmo no início da gestão, quando criticou a postura do auxiliar de Lula em relação às emendas parlamentares.

A tentativa de aproximação com a esquerda extrapola o governo. Nesta segunda-feira, por exemplo, o parlamentar se reuniu com membros do Movimento Sem Terra (MST) e ontem foi a São Bernardo do Campo, no ABC paulista, para um encontro com metalúrgicos — a atuação no sindicato foi a origem da trajetória política de Lula.


Na semana passada, durante os festejos do Círio de Nazaré, em Belém, Elmar postou uma foto ao lado de Lula e do deputado Antônio Brito (PSD-BA). Recentemente, o parlamentar chegou a "fazer o L", durante ato de apoio à candidatura de Lurdinéia do Zé Branco, petista que concorreu à prefeitura de Andorinha, no norte da Bahia.

Além dos acenos aos governistas, a posição de Elmar como líder partidário permitiu gestos mais concretos. No mês passado, o partido dele, o União Brasil, moveu membros da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, com o objetivo de obstruir a PEC da Anistia, que tramita no colegiado, por exemplo.

Depois da reviravolta na eleição da Câmara que direcionou o apoio de Lira a Hugo Motta, Elmar passou a ver no Planalto e no PT os principais trunfos. O partido de Lula tem uma bancada de 68 deputados, só atrás do PL na Casa, e tem à mesa uma oferta de ocupar a primeira-vice-presidência se o líder do União Brasil assumir o comando da Câmara. Ele e o líder do PSD, Antônio Brito, que também almeja a cadeira de Lira, têm alinhavado um acordo de apoio em caso de segundo turno da disputa.

Os dois parlamentares tentam construir suas candidaturas com o apoio governista e têm tentado isolar Motta do Planalto. A aliados, entretanto, Lira já afirmou que pretende contar com o apoio dos petistas. O líder do PT na Câmara, Odair Cunha, também já declarou que o partido de Lula tende a estar ao lado da candidatura de Motta, que compõe o "blocão" da Câmara, formado em 2023, na reeleição de Lira.

Sob reserva, petistas ainda veem a movimentação de Elmar com cautela e lembram que o deputado tem uma trajetória de apoio a pautas que vão na contramão dos desejos da esquerda. A bancada liderada por Elmar foi favorável a pautas caras ao Planalto, como o marco temporal para a demarcação das terras indígenas, se posicionou como oposição na CPI do MST e ajudou a derrubar o decreto de Lula que atualizava o marco legal do saneamento básico, por exemplo.

Voltando mais no tempo, Elmar apoiou o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016 e foi ácido na crítica ao PT.

— Para extirpar da vida nacional esta organização criminosa que sequestrou o Brasil e a Bahia — disse o parlamentar, que na época integrava o DEM, ao defender a cassação da ex-presidente.

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