Em campanha no 2º turno, Bolsonaro anuncia programa 'reciclado' de renegociação de dívidas da C
Medida foi criada em 2019 pelo banco. Presidente reage a promessa de Lula para endividados, que prevê alcance mais abrangente, chegando a contas de consumo e de comércio
Na largada do segundo turno das eleições, o presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira que a Caixa Econômica Federal vai lançar um programa de renegociação de dívidas de empresas e pessoas física. A medida, contudo, não é nova: trata-se de uma campanha anual do banco público para endividados.
"É um programa que, vou adiantar, ela autorizou, é um programa que vai mexer com a vida de 4 milhões de pessoas que têm dívida na Caixa Econômica e 400 mil empresas que têm dívida na Caixa Econômica", afirmou o presidente durante encontro com deputados eleitos no Palácio da Alvorada.
Ele acrescentou:"Programa dela é o seguinte. Quem tem dívida vai para negociação, pode ser perdoado em até 90%".
Leia também
• Bolsonaro recebe deputados federais reeleitos no Palácio da Alvorada
• Anderson Ferreira se reúne com Bolsonaro em Brasília
• Em campanha, Bolsonaro anuncia programa reciclado de renegociação de dívidas da Caixa
Segundo a Caixa, porém, trata-se de um programa que já existe, batizado de Você no Azul, com edições anuais, criado em maio de 2019 pelo ex-presidente do banco, Pedro Guimarães.
Atrasos acima de 360 dias
A medida permitia a quitação de dívidas com atraso acima de 360 dias, com desconto que variavam entre 40% e 90%, dependendo da modalidade do crédito contrato. A campanha do banco conta também com caminhão-agência que percorre vários estados.
O público alvo do programa é composto por clientes do banco que estejam com dívidas vencidas no montante entre R$ 50 e R$ 5 milhões. As condições variam conforme a modalidade de crédito contratada e o período de atraso. Os descontos para pagamento à vista podem chegar até a 90% do valor da dívida.
O anúncio feito por Bolsonaro é uma reação a uma proposta semelhante feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário. O petista tem defendido, desde o primeiro turno, o programa Desenrola Brasil, que visa a criar condições de refinanciamento de dívidas em geral, não apenas bancos, mas também com contas como energia e consumo.
O ex-candidato Ciro Gomes (PDT), que ficou em quarto na disputa pela Presidência, também tinha proposta para endividados.
Depósitos compulsórios
Segundo a proposta de Lula, o governo usaria os depósitos compulsórios dos bancos como base para conseguir descontos. Para dívidas no comércio ou contas da casa seria criado pelo Estado um fundo que garantirá crédito para viabilizar a renegociação.
“Os credores que aceitarem participar do programa deverão oferecer opções de desconto, sendo que os que oferecerem o maior terão prioridade”, afirma o programa de governo de Lula.
"Oito em cada dez famílias brasileiras estão endividadas, segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), publicado nesta terça-feira (04/10)", informa a campanha de Lula em seu site.
A criação de programas para envidados, contudo, começou com Ciro Gomes (PDT), nas eleições de 2018. O candidato, que ficou em quarto lugar nas eleições de domingo, voltou a defender um tratamento diferenciado a este público como forma de alavancar a retomada da economia.