Em Chapecó (SC), Bolsonaro volta a defender medidas sem eficácia contra a Covid
Bolsonaro citou a palavra "liberdade" em vários momentos do discurso para criticar medidas de contenção ao vírus
Em visita a Chapecó (SC) após elogiar o tratamento precoce contra a Covid-19 implantado pelo prefeito local, João Rodrigues (PSD), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar nesta quarta-feira (7) medidas de isolamento social e a defender medidas sem eficácia comprovada contra a doença.
"Desde o início [da pandemia] eu digo: temos um problema, o vírus e o desemprego. E as medidas ora anunciadas [...] não podem ter efeito colateral mais danoso que o próprio vírus. Eu acho que sou o único líder mundial que apanha isoladamente.
O mais fácil é ficar do lado da massa, da grande maioria, se evita problemas, não é acusado de genocida, não sofre ataques por parte de gente que pensa diferente de mim. O nosso inimigo é o vírus, não o presidente, a governadora ou o prefeito", afirmou.
Bolsonaro citou a palavra "liberdade" em vários momentos do discurso para criticar medidas de contenção ao vírus e também para defender que os médicos possam prescrever medicamentos sem eficácia contra a Covid-19.
"Quem abre mão de um milímetro de liberdade para ter segurança corre o risco no futuro de não ter segurança nem liberdade", disse.
O prefeito de Chapecó utilizou informações distorcidas ao afirmar que a cidade está com os números da pandemia em queda e volume de internações por Covid-19 "próximo de zero". Ele atribuiu a redução à implantação de medidas como a indicação de "tratamento precoce" contra a doença, entre outras.
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Entre as informações omitidas pelo prefeito está a de que os índices somente começaram a cair após a imposição de um lockdown, entre 22 de fevereiro e 8 de março.
Logo que assumiu em janeiro, Rodrigues montou em Chapecó um ambulatório especializado no chamado "tratamento precoce", com indicação de remédios como ivermectina e azitromicina em pacientes com Covid-19. As substâncias não têm eficácia contra a Covid-19.
Na ocasião, ele também liberou eventos na cidade, como aniversários, batizados, casamentos e festas. Também ampliou o horário de funcionamento de bares e autorizou apresentações musicais nesses locais.
Após a explosão de casos, a prefeitura restringiu comércio e serviços no município, que permaneceu durante semanas sem leitos de UTIs e teve que transferir pacientes para outros estados. O lockdown "parcial" durou 14 dias.