POLÍTICA

Em conflito com PDT, Cid Gomes enfrenta dificuldade para encontrar novo partido para seu grupo

Senador tem conversas com PT, PSB, Podemos e Solidariedade, mas tem achado entraves para se filiar

Os irmãos Cid e Ciro Gomes, em 2019 Os irmãos Cid e Ciro Gomes, em 2019  - Foto: Reprodução/Instagram

De saída do PDT, o senador Cid Gomes (CE) tem encontrado dificuldades para achar uma nova legenda para seu grupo político. O parlamentar mantém diálogos com representantes do PT, PSB, Podemos e Solidariedade, mas em todos os partidos há fatores que dificultam a entrada dele e dos aliados.

Após travar uma guerra com o ex-presidenciável Ciro Gomes, seu irmão, por influência no PDT, a saída dele da legenda é dada como certa, mas ainda há indefinição sobre qual será sua próxima sigla. O motivo da briga é a possibilidade de aliança com o PT, que é defendida por Cid e criticada por Ciro.

O senador recebeu um convite público do ministro da Educação, Camilo Santana, para que se filiasse ao PT. O ministro é senador licenciado e venceu a disputa pela sucessão de Cid no governo do Ceará em 2014 tendo o pedetista como padrinho. Camilo disse ao GLOBO que conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o convite ao senador.

— Nós estávamos conversando sobre a situação do conflito entre os dois irmãos, entre o Ciro e o Cid e a decisão era de que o Cid ia sair do PDT. E ele perguntou: ‘Por que você não chama o Cid para ir para o PT?’, perguntei se podia fazer o convite e ele disse que podia, então eu fiz. Ele está avaliando — afirmou.

Apesar disso, Camilo afirmou que a decisão de Cid será coletiva e também envolve prefeitos, deputados federais e estaduais que fazem parte de seu grupo.

— O Cid não tomará decisão sem discussão coletiva. Foram convidados para o PSB também, vão avaliar.
 

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), já se manifestou reiteradas vezes contra a filiação de Cid ao partido. Os dois disputam o mesmo eleitorado no Ceará.

Ainda que se classifique como base de Lula no Congresso, Cid tem ficado ausente em votações importantes para o governo, como a Reforma Tributária. Ele também não se furta a criticar o Poder Executivo e já classificou como "tragédia" a aliança do Palácio do Planalto com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em entrevista ao GLOBO em março.

Em 2018, ele discutiu com militantes petistas em um ato da campanha presidencial de Fernando Haddad e ironizou a prisão de Lula. O parlamentar chegou a ser ministro da Educação de Dilma Rousseff por cerca de três meses em 2015, mas pediu demissão do cargo após dizer que a Câmara tinha "uns 300 ou 400 achacadores".

Também há entraves locais envolvendo as eleições de 2024 e 2026. Guimarães planeja disputar o Senado em 2026, onde estarão em jogo duas vagas por estado. Com Cid no PT, o partido teria dois candidatos e impediria alianças da legenda com outras siglas. É também apontado o fato de que, por essa configuração, o PT teria os três senadores do estado, já que Camilo já foi eleito para o cargo em 2022 e tem mandato até 2030.

Em relação a 2024, Cid já manifestou o desejo de filiar o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, que está de saída do PDT, ao PT e lançá-lo como candidato a prefeito. Já Guimarães e outros petistas têm acenado com o apoio à deputada e ex-prefeita Luizianne Lins (PT-CE) para disputar o cargo.

As conversas com o PSB também não foram conclusivas até agora. Cid já foi filiado ao partido de 2005 a 2013 e hoje tem um aliado no comando do PSB do Ceará, que é Eudoro Santana, pai de Camilo. Por outro lado, o PSB discute uma federação com o PDT, o que deixaria o parlamentar ainda ligado ao grupo político de Ciro, com quem trava uma disputa.

Em relação ao Podemos e Solidariedade não há ainda uma resposta de Cid e de seu grupo. A preferência é por uma legenda que esteja estruturada no Ceará e conte já com uma base de prefeitos e deputados estaduais, algo que as duas siglas não possuem no estado.

O líder do Podemos no Senado, Oriovisto Guimarães (PR), disse que a entrada ou não do senador no partido está indefinida.

— Possibilidades sim, certeza não.

Apesar disso, a intenção é achar uma solução e divulgá-la até o dia 4 de dezembro, quando Cid e aliados irão se reunir em Fortaleza. Como é senador, ele pode sair da legenda a qualquer momento sem risco de perder o mandato. Já seus aliados que são deputados precisam fazer isso com o aval da legenda ou dentro do período da janela partidária.

O deputado Eduardo Bismarck (PDT-CE), aliado de Cid e que também busca sair do partido, reforçou o cenário de falta de decisão.

— Não está definido. Depois das reuniões com PSB e Podemos, não teve mais nenhuma reunião interna ou externa. Os outros convites foram do PT e do Solidariedade. (Colaboraram Sérgio Roxo e Karolini Bandeira).

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