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Em depoimento, ex-assessor de Bolsonaro confirma que enviou live que atacava urnas a Mauro Cid

Ex-assessor da Presidência negou que tenha editado ou organizado a divulgação de feito por argentino

Tércio Arnaud Thomaz e Jair Bolsonaro: na mira da PFTércio Arnaud Thomaz e Jair Bolsonaro: na mira da PF - Foto: Reprodução

Em depoimento à Polícia Federal, o ex-assessor de Bolsonaro Tercio Arnaud Thomaz confirmou que fez o download de uma live que atacava as urnas eletrônicas logo após as eleições de 2022. Ele explicou que baixou o arquivo, porque o material poderia ser retirado do ar. Em seguida, ele disse que enviou o material para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, porque, segundo ele, "era um tema que era acompanhado pelo pessoal".

O vídeo em questão havia sido gravado pelo estrategista digital argentino Fernando Cerimedo. Em 5 de novembro de 2022, ele disseminou uma série de fake news sobre o sistema eleitoral brasileiro. Na época, a gravação foi amplamente divulgada por apoiadores de Bolsonaro.

"Que o declarante explica que teve a iniciativa de baixar o arquivo da live por receio de que a live fosse 'derrubada' e, após realizar o download, encaminhou esse arquivo a Mauro Cid", diz o depoimento transcrito pela PF. Por orientação de seu advogado, Tercio ressaltou que não sabia falar espanhol - a língua que o argentino falava na live. Apesar de ter feito o download, o ex-assessor declarou que "não editou nem participou ou contribuiu para a organização" dessa live.

O ex-assessor foi alvo de busca e apreensão da operação Tempus Veritatis, que investiga se Bolsonaro, ministros e aliados articularam um plano para mantê-lo no poder e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele é investigado pela suspeita dos crimes de organização criminosa, abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Durante o governo Bolsonaro, Tercio era assessor especial da Presidência da República, com salário bruto de R$ 13.623,39, e chegou a ser apontado como o líder do chamado "gabinete do ódio", termo utilizado para designar um grupo dentro do Palácio do Planalto que supostamente disseminava mensagens difamatórias contra adversários do ex-presidente.

Antes de trabalhar com as redes da família Bolsonaro, Tercio trabalhava como recepcionista em um hotel. Ele é formado em biomedicina por uma faculdade de Campina Grande. Em 2017, entre abril e dezembro, trabalhou oficialmente com Jair Bolsonaro em seu gabinete na Câmara dos Deputados, recebendo R$ 2,1 mil mensais.

Depois, em dezembro de 2017, foi nomeado para o gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara dos Vereadores do Rio, com salário de R$ 3,6 mil. Apesar de ser empregado no legislativo carioca, Tercio continuou próximo a Bolsonaro.

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