Em dia de desfile de blindados, líder do governo Bolsonaro manifesta preocupação e exalta democracia
Fernando Bezerra (MDB-PE) afirmou que 'aposta na democracia' e quer 'compartilhar as preocupações que todos aqui [senadores] reverberaram'
No dia em que blindados militares desfilaram na Esplanada dos Ministérios, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), afirmou que "aposta na democracia" e quer "compartilhar as preocupações que todos aqui [senadores] reverberaram".
A fala de Bezerra aconteceu após vários senadores da CPI da Covid condenarem o desfile de blindados da Marinha, associando como uma ameaça à democracia.
Bezerra abriu sua fala abordando avanços do governo do presidente Jair Bolsonaro na vacinação contra a Covid-19. Em seguida, disse que essas informações "positivas" colocam parlamentares em lados opostos. Mas reforça que ele é um membro do Congresso e que compartilha as preocupações, embora ressalte que há excessos nas análises dos senadores que condenam o evento militar.
"Essas são as opções [ações do governo] que aqui a gente diverge, estamos em trincheiras distintas. Mas nós somos do parlamento brasileiro. Eu tenho uma história nesse Congresso Nacional, eu sou subscritor da Constituinte Cidadã", disse.
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"Eu aposto na democracia, eu aposto no estado de direito democrático. Por isso é evidente que eu quero compartilhar as preocupações que todos aqui reverberaram, apenas, digamos assim, querendo retirar os excessos das falas que foram feitas".
Outros senadores comentaram o desfile de blindados em Brasília.
"Neste dia, Sr. Presidente, em que a Câmara, pelo que se anuncia, coloca uma pedra definitiva sobre essa tentativa, e o Senado, de forma definitiva, bota uma pedra sobre um resquício grave à liberdade, a Lei de Segurança Nacional, aí vem o Presidente da República dar uma demonstração de força, com tanques e aparatos bélicos desfilando sobre a Esplanada dos Ministérios", disse Eduardo Braga (MDB-AM).
Izalci Lucas (PSDB-DF) afirmou que "nada acontece por acaso", sobre a coincidência entre o evento militar e a votação da PEC do voto impresso. No entanto, ele apresentou uma lógica diferente da que vem sendo comentada. Afirmou que eventos militares são agendados com bastante antecedência e por isso levantou dúvidas sobre a data escolhida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), colocar em pauta a proposta.
Alessandro Vieira (Cidadania-SE) defendeu as urnas eletrônicas e atacou duramente parlamentares e agentes públicos que defendem a retórica autoritária do governo do presidente Jair Bolsonaro.
"Todo governo autoritário acaba cortando as cabeças dessa turma, dos puxa-sacos, de pessoas que usam governos autoritários para ascender", disse.
A fala de Vieira aconteceu logo após uma defesa do governo feita pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO), que afirmou não se constranger com blindados nas ruas.
"Ao olhar no retrovisor do tempo, [o que me constrange é] o desfile de corrupção, de roubalheira, de dinheiro público brasileiro saindo do brasil e indo financiar obras e serviços em países dominados por ditadores, por comunistas, num alinhamento de esquerda que tirou do brasileiro para colocar em Cuba, na Venezuela e em tantos outros países", disse Rogério.
O vice-líder do governo, Jorginho Mello (PL-SC), defendeu a tese de Bolsonaro em relação ao voto impresso auditável e afirma que se firmou um "cavalo de batalha" por algo que ele considera simples.
Em seguida, Mello fez uma voz infantil e disse que "agora estão preocupados que a democracia está em risco". Após terminar, foi repreendido pelo presidente Omar Aziz: "A história se repete. O senhor já tem idade para saber um pouco da história", disse Aziz.