Em discurso de despedida do STF, Rosa Weber lembra ter sido a terceira mulher a integrar a Corte
Ministra se aposenta ao completar 75 anos após 11 anos de atuação no Supremo
A ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), fez um discurso de despedida ao final da sessão de julgamentos desta quarta-feira. A ministra encerra sua passagem de onze anos pela Corte, ao chegar aos 75 anos na próxima segunda-feira, dia 2.
Logo no início de sua fala, a ministra lembrou que foi apenas a terceira mulher a compor o STF e agradeceu aos ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, que a sucederão no comando da Corte.
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A ministra ainda citou os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro, quando a sede do Supremo foi a mais atingida, e dia chamado por ela de "dia da infâmia".
—A resistência, a resiliência e a solidariedade ficaram estampadas na metáfora da travessia da praça dos Três Poderes, todos nós de mãos dadas, desviando das pedras, dos vidros, dos cartuchos de bala. Inabalada restou a nossa democracia, como gosto de dizer — afirmou, Rosa, emocionada.
Ao falar sobre a presença das mulheres no Judiciário, a ministra celebrou a aprovação da resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), nesta terça-feira, que prevê dar maior paridade entre homens e mulheres na segunda instância. Segundo Rosa, "a igualdade de gênero é expressão da cidadania e da dignidade humana e pressuposto fundamental da democracia".
Rosa Weber citou nominalmente todos os ministros, a quem agradeceu pela ajuda e contribuição no 8 de janeiro, e disse que levará os colegas "do lado esquerdo do peito". Rosa lembrou ainda o ministro Teori Zavascki, morto em 2017, a quem se referiu como seu contemporâneo na universidade.
A ministra, que é fanática por futebol, torcedora do Internacional, agradeceu ao diretor-geral do Supremo, Miguel Piazzi, e ao secretário-geral, Estêvão Waterloo, brincando que são quase perfeitos, mas cujo único defeito seria o fato de serem torcedores do Grêmio.
Rosa ainda agradeceu o trabalho exercido pela imprensa no exercício da transparência e defesa da democracia.
— A imprensa livre, com uma magistratura isenta, são essenciais para uma democracia plena — afirmou.
A ministra pediu para fazer "uma nota pessoal" e na parte final de seu discurso se emocionou ao falar sobre sua trajetória profissional e sobre sua família.
— Tomada pela emoção, me despeço do meu querido Supremo, pilar da democracia em nosso país. Lembrando o tão querido ministro Sepúlveda Pertence, já estou tomada de saudades antecipadas, saudade que Rubem Alves definiu como a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar — disse a ministra, chorando.