Em meio a negociações orçamentárias, comandante da Marinha critica "obsolescência dos meios navais"
Discurso do almirante Marcos Olsen foi durante evento em homenagem ao Dia do Marinheiro
Nesta quarta (13), o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, disse que a instituição "resiste à marcha da obsolescência dos meios navais". Seu discurso ocorreu no evento de celebração ao "Dia do Marinheiro", a bordo do Navio-Aeródromo Multipropósito Atlantico, no Rio, que contou com a presença de Lula e do ministro da Defesa, José Múcio. As Forças Armadas apoiam uma PEC, recentemente protocolada pelo senador Carlos Portinho (PL), ex-líder do governo Bolsonaro, que prevê um orçamento de 2% do PIB para a defesa nacional.
— A concepção de um poder naval crível não pode ser posta ao efêmero e inesperado. A Marinha resiste à marcha da obsolescência dos meios navais. Insta, no decurso, por reaparelhamento para o eficaz cumprimento da destinação constitucional, e das atribuições subsidiárias adjudicadas à Autoridade Marítima Brasileira — afirmou o comandante, que complementou. — Ao validar visão otimista para o futuro da Marinha, faz-se por reto enaltecer o trabalho de marinheiros que, há muito, laboram por modernização, desenvolvimento tecnológico e ampliação das capacidades operacionais.
Em seu discurso, Olsen relembrou os feitos e os princípios pregados pelo Almirante Tamandaré, que lutou na Guerra do Paraguai e se tornou o Patrono da Marinha. Depois da fala, medalhas de mérito, que levam o nome do Almirante Tamandaré, foram distribuídos por Lula a oficiais homenageados por seus serviços prestados. O presidente, porém, não falou com a imprensa.
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O comandante da Marinha não fez uma menção literal à PEC de Carlos Portinho, mas citou negociações em prol do aumento orçamentário para cumprimento das missões da Força Naval, como defendeu no discurso.
— Em 2023, em coordenação com órgãos e instituições da administração pública federal, a Marinha buscou iniciativas que visam programação orçamentária com valor mínimo que assegure, no curto e médio prazo, previsibilidade de investimentos para perene e profícua consecução dos Programas Estratégicos — disse Olsen.
Múcio faz referência às tensões entre Venezuela e Guiana
Após a fala do comandante da Marinha, o ministro José Múcio também discursou e defendeu as diferentes atribuições e contribuições da Marinha, desde a defesa do estado ao combate a crimes ambientais, a "diplomacia naval" e prestação de serviços humanitários. O ministro, inclusive, fez referência às tensões que correm hoje entre a Venezuela e a Guiana.
— Tensões no leste europeu, no Oriente Médio e no nosso continente reavivam em nossas mentes a exigência de termos Forças Armadas modernas e bem dimensionadas — disse Múcio
PEC prevê aumento do orçamento para Forças Armadas
No mês passado, o senador Carlos Portinho (PL), líder do PL na bancada e que foi o líder do governo Jair Bolsonaro no senado, protocolou a PEC 55/2023, que prevê investimento mínimo de 2% do PIB para projetos estratégicos à defesa nacional. O aumento do orçamento seria gradativo, de 0,1% ao ano, partindo de 1,2% até chegar no mínimo de 2% do PIB. A proposta foi assinada por 30 senadores.
Depois da PEC ser protocolada, oficiais da Marinha se mobilizaram para apoiar publicamente o projeto. Em seguida, o ministro José Múcio se disse "surpreso" com a proposta da oposição, conforme publicou a colunista Bela Megale, pois afirmara que ele mesmo já defendia o aumento orçamentário e trabalhava em um projeto na mesma diretriz.