Política

Em São Paulo, Lula ataca Bolsonaro em ato das centrais sindicais pelo dia 1º de maio

Fala de ex-presidente foi atrasada pelos organizadores por conta da baixa presença de público na Praça Charles Miller, no Pacaembu

Ex-presidente Lula participou de ato do Dia do Trabalhador, organizado pelas centrais sindicais, em São PauloEx-presidente Lula participou de ato do Dia do Trabalhador, organizado pelas centrais sindicais, em São Paulo - Foto: Nelson Almeida / AFP

Em discurso iniciado com mais de duas horas de atraso para evitar uma plateia esvaziada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou neste domingo, em ato de comemoração do 1º de Maio realizado pelas centrais sindicais, na Praça Charles Miller, no Pacaembu, na Zona Oeste de São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o chamou mais uma vez de “genocida”.

Lula discursou em meio a apresentações musicais. Antes da fala do petista, se apresentaram, entre outros, a sambista Lecy Brandão e o rapper Dexter. Após o ex-presidente, entram no palco o DJ Kl Jay e a cantora Daniela Mercury, estrela principal do cardápio cultural da noite.

Pela programação inicial, os shows só deveriam começar após o ato político, cujo ponto alto seria justamente a fala de Lula. Mas para que o ex-presidente não falasse para uma plateia esvaziada, as apresentações de artistas começaram antes.

Quando Lula subiu ao palco, às 15h15, havia mais pessoas na praça do que no começo da tarde. Mesmo assim, apenas metade do espaço reservado para os participantes do ato estava ocupado.

No começo da sua fala, Lula, para evitar problemas com a Justiça Eleitoral, alertou que não podia falar de eleição e que estava lá para discutir os problemas dos trabalhadores. O ex-presidente disse que todo mundo tinha uma vida melhor quando ele estava no governo pois era dado aumento real do salário mínimo.

O petista atacou novamente Bolsonaro, após um discurso duro na Convenção do PSOL, neste sábado, que oficializou o apoio do partido à sua candidatura presidencial:

"Não aceitamos esse ódio que está sendo imposto por esse genocida que governa o país. Eu disse ontem e vou dizer agora: ao invés de abrir salões e salões de treino de tiros, vamos abrir salões para fazer biblioteca".

O ex-presidente ainda insinuou que aliados de Bolsonaro têm relação com o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL): 

"Este cidadão só governa, para quem sabe, os milicianos deles. E alguns inclusive têm responsabilidade pela morte da Marielle que a gente quer saber quem é que mandou matar a Marielle".

Como tem feito, o petista defendeu que as pessoas que trabalham por meio de aplicativos de entrega ou de transporte de passageiros devem ter direitos.

"Vamos ter que sentar numa mesa e regulamentar a vida das pessoas que trabalham com aplicativo. Estes companheiros podem ser tratados como se fossem escravos, eles precisam ter direito a um programa de saúde, a assistência social, a assistência médica, a seguro quando baterem no seu carro ou na sua moto, ou na bicicleta. Essas pessoas têm que ter seu descanso semanal remunerado pois a escravidão acabou em 13 de maio de 1888".

O petista falou por apenas 15 minutos, um discurso rápido para os seus padrões. Os presentes vestiam camisas de centrais sindicais ou sindicatos. Nas faixas e cartazes, o principal alvo era Bolsonaro, chamado de “genocida”.

Com exceção da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), todas as principais centrais sindicais anunciaram apoio à pré-candidatura de Lula na eleição deste ano. O petista foi o único presidenciável a comparecer. A CSB realizou um ato separado neste domingo, em Itatiba (SP).

Centrais sindicais também realizam manifestação no Rio de Janeiro, na manhã deste domingo, para lembrar do Dia do Trabalhador. Entre os pedidos feitos pelos manifestantes no Aterro do Flamengo está a revogação da Reforma Trabalhista, aprovada no Brasil em 2017.

Os altos preços do gás, da gasolina e dos alimentos também foram ressaltados em materiais expostos e distribuídos aos transeuntes. Faixas posicionadas no protesto pediam "Fora Bolsonaro". Em ano de eleição presidencial, do alto de uma passarela, uma enorme bandeira vermelha com o rosto de Lula foi pendurada. Anunciado como "futuro governador do Rio", o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) comentou o cenário político e fez um chamado.

"Nós vivemos um momento decisivo na nossa história. Me perguntaram a razão de falar que essa era a eleição mais importante do ponto democrático do povo brasileiro. E eu respondi: pois pode ser a última. E nós vamos ganhar no Brasil, no Rio, na maioria dos estados brasileiros. O que está em jogo não é apenas uma eleição. Mas se a Constituição de 88 vai continuar valendo ou não no Brasil. Derrotar Bolsonaro então é derrotar os resquícios da ditadura", disse.

Além de petistas, o ato também teve a presença de representantes de partidos que vão apoiar Lula. Integrantes do PSOL e do PCdoB compareceram, como a deputada Jandira Feghali (RJ) e o vereador carioca Chico Alencar. Mas o presidente do Solidariedade, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho, não foi. Presidente de honra da Força Sindical, uma das organizadoras do ato, Paulinho foi vaiado há duas semanas durante um encontro das centrais sindicais com Lula.

O episódio gerou uma crise com ameaças de tirar o Solidariedade da aliança com o petista. Segundo aliados, o presidente do Solidariedade tinha agendas no interior de São Paulo.

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