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RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

Embates com projetos de Haddad e posição sobre Gaza: as críticas feitas por Gleisi ao governo Lula

Nova responsável pela articulação política também já reclamou do União Brasil na Esplanada

Fernandado Haddad, Janja, Lula e GleisiFernandado Haddad, Janja, Lula e Gleisi - Foto: Ricardo Stuckert/PR/arquivo

Nova responsável pela articulação política do governo federal, Gleisi Hoffmann (PT-PR) coleciona críticas a ministros desde 2023, quando começou o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Enquanto ocupava a posição de presidente do Partido dos Trabalhadores representando uma ala mais à esquerda do partido, a nova chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência teve embates públicos especialmente com o responsável pela Fazenda, Fernando Haddad.

O atrito entre os dois nasceu logo no começo do mandato, em 2023, quando Gleisi fez ressalvas internas ao novo arcabouço fiscal apresentado por Haddad. Em dezembro daquele ano, o PT, comandado por ela, publicou uma nota criticando “austericídio fiscal”, o que ela negou posteriormente ser uma crítica ao governo.

— O ministro Fernando Haddad está fazendo o papel dele como ministro da Fazenda. Ele tem a visão dele e nós temos uma visão um tanto quanto divergente — afirmou Gleisi, na ocasião.

O texto da nota, no entanto, não foi bem recebido por Haddad. Em entrevista exclusiva ao Globo, reclamou que o partido não podia celebrar os resultados na economia ao mesmo tempo que o chama de "austericida". Gleisi, então, respondeu afirmando que havia preocupação com uma "política fiscal contracionista".

– É um direito do partido e até um dever fazer esses alertas e esse debate, isso não tem nada de oposição ao ministro e nem a ninguém. É da nossa tradição – declarou a presidente do PT.

Gleisi também criticou o fato de Haddad ter falado que é preciso discutir a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro da Fazenda afirmou que Lula deve ser candidato à reeleição em 2026, mas apontou que é preciso discutir nomes para as eleições seguintes.

– Acho extemporânea a discussão sobre a sucessão do presidente Lula. Nós precisamos fazer com que tudo dê certo porque é isso que vai garantir a sucessão, inclusive a reeleição de Lula na próxima eleição. Temos que entregar resultados ao povo brasileiro, foi para isso que a gente elegeu o presidente Lula e fizemos o enfrentamento que fizemos ao longo desse tempo – disse Gleisi.

O número dois da Fazenda também recebeu recados de Gleisi. Durante o processo de mudança da presidência do Banco Central, Dario Duringan, que estava assumindo o ministério interinamente naquele momento na ausência de Haddad, afirmou que a troca seria feita “sem arroubo político". Nas redes sociais, Gleisi afirmou, sem citá-lo, que "não há que falar em arroubo político" na decisão de Lula.

"Foi o voto popular que conferiu ao presidente Lula a prerrogativa de indicar o próximo presidente do BC. Não há que falar em arroubo político nessa decisão, muito menos fantasiar que a gestão do BC 'independente' foi 'técnica'", declarou a atual responsável pela articulação do governo.

Outras divergências
Logo no começo do governo, ela também reclamou do espaço concedido ao União Brasil, que tem três ministérios na Esplanada.

Ainda em fevereiro de 2023, ela afirmou que deveria fazer um “freio de arrumação, porque, mesmo sendo contemplado como foi, é um partido que não está fazendo entrega”. A crítica era em relação a falta de apoio do partido nas votações do Congresso.

A ofensiva organizada pelo grupo terrorista Hamas em Israel, em outubro de 2023, também apresentou divergências.

Enquanto ministros ligados ao Centrão condenaram nominalmente o Hamas, a nota do partido não citou o grupo: "Só há um caminho para a paz na região, que é a garantia de dois Estados, um palestino e um israelense, o cumprimento dos acordos de Oslo, que completam 30 anos em 2023, e o cumprimento das Resoluções da ONU".

A nova ministra também teve embates públicos com Alexandre Padilha, que acabou de sair da articulação política do governo para assumir o Ministério da Saúde. Depois das eleições de 2024, ele afirmou que o desempenho do partido ainda era de “Z4”, a zona de rebaixamento dos campeonatos de futebol. Gleisi, então, repreendeu o ministro publicamente.

“Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados. Mais respeito com o partido que lutou por Lula Livre e Lula Presidente, quando poucos acreditavam”, escreveu a presidente do PT naquele momento.

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