Empossado com promessa de combater fake news, Paulo Pimenta já compartilhou teorias da conspiração
No passado, disse, sem provas, que ataque contra o então candidato à Presidência teria sido uma armação
Ao assumir a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) fez um discurso contra as fake news. O pronunciamento do novo ministro, porém, contraria a postura que ele adotou em 2018, quando divulgou, em uma série de postagens nas redes sociais, uma teoria da conspiração sobre a ocasião em que Jair Bolsonaro (PL), então candidato à Presidência, foi esfaqueado, referindo-se ao episódio como "fakeada".
Em setembro de 2018, um mês antes do primeiro turno das eleições, Bolsonaro foi atingido enquanto cumpria uma agenda de campanha em Juiz de Fora, Minas Gerais. O autor do ataque, Adélio Bispo de Oliveira, foi preso em flagrante. Desde então, parte da esquerda adere ao discurso, sem provas, de que o ex-presidente teria armado o episódio no intuito de ganhar vantagem eleitoral sem comparecer aos debates. A hipótese nunca foi comprovada. Na ocasião, Bolsonaro ficou 23 dias internado e, desde então, realizou quatro cirurgias.
Em 2021, após a estreia do documentário "Bolsonaro e Adélio — Uma facada no coração do Brasil", que colocava em xeque a legitimidade agressão, Paulo Pimenta chegou a publicar o longa em sua página do Facebook.
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Mais recentemente, em uma publicação de fevereiro do ano passado, o ministro afirmou que Bolsonaro retornava ao assunto por fins políticos. "O desespero de Bolsonaro é tanto que está tentando aplicar uma espécie de Plano Cohen Tabajara. Ele ressuscita a 'Fakeada' para tentar um último suspiro diante da derrota iminente. A verdade é que o miliciano é o pior presidente da história do Brasil e o povo não aguenta mais", escreveu no Twitter. À época, o ex-presidente havia divulgado um vídeo gravado logo após a primeira cirurgia, que tinha como intuito estancar a hemorragia.
Na cerimônia de posse nesta terça-feira, Paulo Pimenta afirmou ser contra a disseminação de fake news e prometeu separar visões ideológicas da comunicação institucional. Em seu discurso, ele fez duras críticas à desinformação, que se intensificou durante a pandemia da Covid-19.
— Nos últimos anos, assistimos de forma deliberada uma confusão nas comunicações, a falta de credibilidade deliberada. A desinformação mata e não queremos nunca mais repetir esse problema. Faremos um trabalho permanente de combate às fake news e à desinformação — afirmou o ministro da Secretaria de Comunicação Social.
O jornalista gaúcho prometeu ainda que, no governo Lula, não haverá "cercadinho", em referência ao espaço criado durante o governo Jair Bolsonaro (PL) para receber apoiadores e jornalistas em frente ao Palácio do Alvorada, residência oficial do presidente da República. A atitude teria como intuito valorizar o trabalho da imprensa, setor que no passado recebeu duras críticas do ministro.
Procurada, a assessoria de Paulo Pimenta não se manifestou. O espaço permanece em aberto para futuras declarações.