operação falso coach

Empresário ligado a Jair Renan Bolsonaro é preso por fraude em compra de armas

Influenciador digital Maciel Carvalho é alvo da Operação Falso Coach; em setembro, ele registrou ocorrência quando a casa do filho do então presidente foi pichada

Maciel Carvalho e Jair RenanMaciel Carvalho e Jair Renan - Foto: Reprodução

O empresário e influenciador Maciel Carvalho, ligado ao filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Jair Renan, foi preso na manhã desta quinta-feira pela Polícia Civil do Distrito Federal, em Águas Claras. O influenciador digital é o principal alvo da Operação Falso Coach, e é investigado pelos crimes de posse, porte e comércio ilegal de armas mediante a documentação falsa. De acordo com informações preliminares da Polícia Civil, a família do ex-presidente não teria envolvimento com o caso. No entanto, a carteira de habilitação do filho 04 foi apreendida no escritório do influenciador.

Em setembro deste ano, quando a casa do filho 04 do ex-presidente foi pichada em Brasília, foi Maciel Carvalho que registrou a ocorrência na Policia Civil da capital. "Picharam a porta da minha casa em represália não só a minha mãe que é candidata a deputada distrital, que automaticamente se percebe o ódio entregue gratuito a família Bolsonaro", escreveu em story no Instagram à época.

Em julho, o influenciador acompanhou Jair Renan em uma entrevista ao portal Metrópoles. Maciel Carvalho também deu aulas de tiro para o filho do ex-presidente e para sua mãe, Ana Cristina Siqueira Valle. Por dois meses, o filho do presidente fez um curso no clube de tiro para obter o certificado de CAC.

A ação da Polícia Civil cumpriu, no total, três mandados de busca e nesta manhã: a casa de Maciel Carvalho, em Águas Claras, e duas salas comerciais. Em um dos endereços do mandado funciona uma loja de armas.

Maciel Carvalho é influenciador e tem 426 mil seguidores no Instagram, onde se descreve como formado em Filosofia, Teologia, Direito e Administração. Carvalho também oferece em suas redes um curso que para voltado para "empreendedores no campo jurídico", além de divulgar seu trabalho como instrutuor de tiro. Em uma postagem de março deste ano, ele comentou sobre a atuação de Jair Renan, afirmando que o 04 teve uma boa "curva de desempenho na linha de tiro".

CPF falso
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Wisllei Salomão, o empresário estava em liberdade provisória e utilizava cadastros de pessoas físicas (CPF) falsos para ocultar os antecedentes criminais. Diversas armas de fogo, munições, aparelhos celulares, computadores e documentos diversos foram apreendidos.

Ele irá responder pelos crimes de falsificação de documentos, estelionato, organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, uso de documento falso e disparo de arma de fogo. Ele ainda possui certificado de registro de colecionador, atirador desportivo e caçador (CAC). Poderá ser condenado em até 19 anos de reclusão, afirmou Wisllei Salomão.

Abin atrapalhou investigação da PF
Em agosto do ano passado, um relatório da Polícia Federal afirmou que a Agência Brasileira de Inteligencia (Abin), o serviço secreto brasileiro, atrapalhou o andamento de uma investigação envolvendo Jair Renan Bolsonaro. Um integrante do órgão, flagrado numa operação, admitiu em depoimento que recebeu a missão de levantar informações de um episódio relacionado ao filho do ex-presidente, sob apuração de um inquérito da PF. Segundo o espião, o objetivo era prevenir "riscos à imagem" do então chefe do Poder Executivo.

Em 2021, Jair Renan e o seu preparador físico, Allan Lucena, se tornarem alvos de uma investigação da PF por suspeita de abrir as portas do governo para um empresário interessado em receber recursos públicos. Àquela época, Lucena percebeu que estava sendo seguido por um veículo que entrou na garagem de seu prédio. Incomodado, o personal trainer acionou a Polícia Militar. O suspeito, quando abordado, identificou-se como Luiz Felipe Barros Felix, agente da PF cedido para o órgão de inteligência. O episódio de espionagem foi registrado em um boletim de ocorrência.

Ao ser chamado pela Polícia Federal para prestar esclarecimentos, Felix contou que trabalhava na Abin e confirmou que recebeu a missão de um auxiliar do chefe do órgão de inteligência. O intuito era levantar informações sobre o paradeiro de um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil, que teria sido doado a Jair Renan e ao seu personal trainer por um empresário do Espírito Santo interessado em ter acesso ao governo. "O objetivo era saber quem estava utilizando o veículo", afirmou Felix, em depoimento.

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