EMBATE

''Empresário que teve sorte'' X ''atleta que usa anabolizante'': as farpas entre Lula e Zema

Antes de evento em que governador e presidente falaram sobre deixar de lado as diferenças, os dois políticos tiveram um histórico de críticas

Romeu Zema e LulaRomeu Zema e Lula - Foto: Ricardo Stuckert/PR

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Partido Novo), e o presidente Lula (PT) fizeram discursos nesta quinta-feira (8) sobre deixar de lado as diferenças políticas para que o governo federal possa trabalhar junto a gestão estadual. Os dois estiveram juntos em um evento em Belo Horizonte, no qual o presidente anunciou um pacote de investimentos de R$ 121,4 bilhões para o estado.

Antes destes acenos públicos, os políticos travaram embates por suas declarações. Durante as eleições de 2022, o governador fazia publicações irônicas nos dias em que o então candidato à Presidência fazia campanha com o seu então adversário, o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD).

"Tem gente que gosta de gritaria e palanque, mas nós mineiros queremos saber mesmo é de trabalho", tuitou Zema em agosto daquele ano. O clima de tensão ocorreu mesmo durante o segundo turno quando o governador declarou apoio a reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

De um lado, em outubro, Lula disse que Zema não tinha capacidade de liderança e o chamou de "empresário que teve sorte":

— Líder não é uma coisa que se cria todo dia. Você pode ter um candidato a prefeito ou a governador. O cara pode ser governador ou presidente e não ser líder. O líder só tem importância quando os liderados querem que ele os liderem. Zema não lidera nada. É um empresário que teve a sorte de ganhar a eleição. Não sei se por incompetência nossa, não sei em que falhamos — disse em entrevista a TV Alterosa, o Portal Uai e o jornal Estado de Minas.

Seis dias antes desta declaração, Zema havia comparado Lula a um "atleta que usa anabolizante":

— Eu sempre menciono que ficou erroneamente na memória do brasileiro uma ideia de que nos anos Lula nós tivemos uma prosperidade. Eu sempre coloco como comparação que naquele período foi como se um atleta tivesse tomado anabolizante. No primeiro momento foi muito bom. E depois a conta veio uma marca né? Através de diversos problemas de saúde — afirmou, ao anunciar seu apoio a Bolsonaro nas eleições presidenciais.

8 de janeiro
Passado as eleições, o primeiro impasse do governador com o presidente foi dias após os ataques antidemocráticos do 8 de janeiro. Na ocasião, Zema disse que o governo teria feito "vista grossa" para o risco de depredação de prédios públicos, em Brasília, com o objetivo de que "o pior acontecesse.

— Me parece que houve um erro de uma direita radical, que, lembrando, é uma minoria. E houve um erro também, talvez até proposital, do governo federal, que fez vista grossa para que o pior acontecesse e ele se fizessem posteriormente de vítima. É uma mera suposição. Mas as investigações é que vão apontar se foi isso mesmo que aconteceu ou não, porque o que se demostrou naquele domingo foi uma lerdeza gigantesca de quem está ali para poder defender as instituições — afirmou Zema em entrevista à Rádio Gaúcha.

Lula propriamente não respondeu, mas o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta (PT), foi às redes rebater. Em postagem disse que se tratava de uma "teoria da conspiração".

Dívida pública de Minas
No final do ano passado, os dois voltaram a apresentar rusgas em relação à dívida pública do estado com a União. Inicialmente, o governo de Zema defendia uma adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, o que acabou não sendo votado pela Assembleia Legislativa por prever duras medidas que, ao final do período, resultariam num aumento do montante.

Neste contexto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e da Assembleia, Tadeu Martins Leite (MDB), procuraram Lula para propor uma proposta paralela. Neste contexto, Zema passou a reclamar da exclusão:

— O governo federal tem colocado obstáculos, mas já deixamos claro que se eles não assinarem até o final do ano, Minas e Espírito Santo vão fazer um acordo que diz respeito aos estados para provar que é possível, sim, que o que está havendo do governo federal hoje é uma má vontade enorme. Parece que tudo que é para Minas Gerais tem uma restrição, isso aí está claríssimo. Tudo que é para cá é mais difícil ou impossível — disse em evento com empresários.

Lula, por sua vez, disse que Zema não fez questão de ir a uma reunião sequer.

— É importante lembrar que o governador de Minas Gerais não compareceu em nenhuma reunião. Ele mandou o vice.

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