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Rio de Janeiro

Entorno de Bolsonaro teme danos à candidatura de Braga Netto para a Prefeitura do Rio

Nos planos bolsonaristas, a candidatura do general giraria em torno de um discurso de combate à corrupção

Braga NettoBraga Netto - Foto: Marcos Corrêa/PR

Pessoas próximas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) avaliam que a operação que a Polícia Federal realiza nesta terça-feira para apurar suspeitas de fraude na intervenção federal ocorrida na segurança do Rio de Janeiro tem potencial para afetar os planos de lançar o general Walter Souza Braga Netto como candidato à prefeitura da capital fluminense no ano que vem. Tido como um dos principais nomes do bolsonarismo no estado, Braga Netto conta com o apoio do clã Bolsonaro, apesar de se mostrar resistente a entrar na disputa. Nos planos bolsonaristas, a candidatura do general giraria em torno de um discurso de combate à corrupção, associando o atual prefeito do Rio Eduardo Paes (PSD) — que deve ser candidato à reeleição — a antigas operações policiais, delações e à antiga parceria com o ex-governador Sérgio Cabral (MDB).

Com a operação desta terça, dizem pessoas que integram a cúpula do PL, cria-se uma espécie de "antídoto" ao mote da campanha. Nos últimos dias, o próprio Braga Netto informou ao partido que preferia disputar um cargo em âmbito federal, em 2026. Os bolsonaristas, entretanto, defendem o plano municipal. Entre os motivos desta escolha, estariam justamente os possíveis ataques que sofreria durante uma corrida eleitoral de caráter nacional. Vice de Bolsonaro nas últimas eleições, o militar ocupou os ministérios da Casa Civil e da Defesa. Atualmente, ocupa um cargo estratégico no PL. À CNN Brasil, ele afirmou que "vê contaminação política" na operação policial.

Principal adversário de Braga Netto na disputa, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, já argumentou uso semelhante de uma operação ocorrida em 2018, quando concorria ao governo. Às vésperas daquela eleição, o ex-secretário de Obras da Prefeitura Alexandre Pinto prestou um depoimento ao juiz Marcelo Bretas, então titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, depois de ter sido preso pela Operação Lava Jato. Pinto confessou desvios na prefeitura e acusou Paes de participar do esquema.

Após este fato, o então candidato Wilson Witzel subiu nas pesquisas eleitorais e derrotou Paes na disputa. Anos depois, Bretas foi afastado da magistratura pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por "uso político-partidário" do cargo e alvo de reclamações disciplinares. Entre elas, estava o processo movido por Paes, que pediu seu afastamento “por conduta incompatível com a imparcialidade que precisa nortear a atuação dos magistrados". Alexandre Pinto, por sua vez, foi condenado pela Justiça Federal a 22 anos e 11 meses de prisão por corrupção passiva e integrar associação criminosa. A participação de Eduardo Paes neste esquema de corrupção nunca foi comprovada.

Braga Netto é alvo da PF
A operação que a Polícia Federal realiza nesta terça-feira apura uma suspeita de fraude na verba de intervenção federal ocorrida na segurança do Rio de Janeiro e que custou R$ 1,2 bilhão. O general Walter Souza Braga Netto, que foi o interventor, está entre os investigados, mas não é alvo dos mandados de busca e apreensão que estão sendo cumpridos nesta terça-feira. Segundo o g1, ele teve o sigilo telefônico quebrado pela Justiça.

A ação, chamada Perfídia, visa a cumprir 16 mandados de busca e apreensão. São dez no Rio, um em Minas Gerais; dois no Distrito Federal; três em São Paulo. Na superintendência da PF no Rio, ao menos três viaturas chegaram com material apreendido, por volta das 8h30. Nos veículos, os agentes transportavam um malote, pastas com documentos e um computador.

A investigação tem como objetivo apurar os crimes de patrocínio de contratação indevida, dispensa ilegal de licitação, corrupção ativa e passiva e organização criminosa supostamente praticadas por servidores públicos federais quando ocorreu a contratação da empresa americana CTU Security LLC pelo governo brasileiro. O contrato foi para a aquisição, em 2018, de 9.360 coletes balísticos com sobrepreço pelo Gabinete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro.

Naquele ano, um decreto do então presidente Michel Temer colocou a segurança pública do Rio a cargo das Forças Armadas. O general Braga Netto, do Comando Militar do Leste (CML), foi nomeado interventor.

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