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FILHO DO EX-PRESIDENTE

Entrevista: "Eu me sacrificaria", diz Eduardo Bolsonaro sobre concorrer ao Palácio do Planalto

Deputado federal diz que governo Trump deve impulsionar direita brasileira em 2026

Em Washington, Eduardo Bolsonaro encontrou o filho de Trump, Donald Trump Jr, que perguntou pelo ex-presidente BolsonaroEm Washington, Eduardo Bolsonaro encontrou o filho de Trump, Donald Trump Jr, que perguntou pelo ex-presidente Bolsonaro - Foto: Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco


Nos Estados Unidos, onde acompanhou a posse do presidente Donald Trump, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirma que o retorno do empresário ao poder "encoraja" a direita brasileira a seguir adiante e "encurrala" o atual governo, de Luiz Inácio Lula da Silva, por não ser alinhado ao americano.

Em evento na véspera da posse, Eduardo foi apresentado por Steve Bannon, um dos principais estrategistas da direita americana, como "futuro presidente do Brasil" em um evento com apoiadores de Trump.

Questionado se tem intenção de se candidar, afirmou que "se sacrificaria", caso fosse escolhido pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que segue inelegível. Em dezembro, contudo, chegou a ser desautorizado pelo pai quando se colocou como "Plano B" para 2026.

Para o filho de Bolsonaro, outras candidaturas que se arvoram no campo da direita, como a do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e a de Pablo Marçal, perderão forças e precisarão se juntar em torno de um representante do bolsonarismo.

O senhor concorda com o presidente Donald Trump quando ele diz que os Estados Unidos não precisam do Brasil?
É necessário contextualizar. O Lula, antes da eleição, disse que torcia para a Kamala Harris, em um momento em que a população americana o aclamava, enquanto no Brasil o chamavam de nazista. Ele não tem motivos para sorrir para o Lula. A fala do Trump foi um mero resultado disso. Se Bolsonaro fosse o presidente, a percepção do Trump sobre o Brasil seria diferente. É necessário construir pontes, fazer os contatos.

O senhor se sentiu preterido ao ficar de fora do envento de posse no Capitólio?
Fomos tratados com toda a deferência possível, mas as pessoas parecem querer que sejamos convidados para dormir na Casa Branca. A gente tinha a entrada para (a cerimônia de) juramento do Trump, estávamos bem posicionados. Mas, por uma questão de segurança e meteorologia, mudaram o local. Nem mesmo os deputados americanos podiam entrar com convidados. Estavam apenas chefes de estados e ex-presidentes.

Como a volta de Trump ao poder ajuda a direita no Brasil?
A eleição do Trump nos encoraja a seguir adiante. Os países andam lado a lado em questões políticas. Mas, o mais importante, é que o Lula não poderá bater de frente com os EUA. O governo Lula perde o governo Biden como aliado. São outros tempos que estão chegando.

E qual será o impacto para a direita caso haja uma denúncia e eventualmente uma condenação do seu pai no inquérito do golpe?
Bolsonaro será visto como vítima e haverá uma comoção em torno dele. Isso fará com que ele indique o próximo presidente da República e triplicará a sua força para eleger senadores.

Como vê investidas de nomes como Pablo Marçal e Ronaldo Caiado, que já lançaram a sua candidatura para 2026 como nomes deste campo político?
Na caminhada do Trump, outros nomes também se lançaram, foram para as prévias, mas no final das contas todos apoiaram a principal liderança, que era o Trump. No Brasil, os candidatos da direita vão apoiar Bolsonaro, que certamente será o candidato. Espero que tenha ciência do risco de o PT seguir no poder.

Se Bolsonaro mandar, eu apoio qualquer um. Não vou contestar a liderança dele.

Steve Bannon colocou seu nome como futuro presidente durante um evento nos EUA, mas o seu pai já o desautorizou publicamente quando cogitou essa possibilidade. O senhor tem pretensões de concorrer?
Vejo esses comentários como elogio, mas meu plano A, B e C segue sendo Jair Bolsonaro. Mas, se ocorrer, se for para ser o candidato com ele escolhendo, eu me sacrificaria, sim.

O seu pai disse que o Congresso é o caminho para reverter a sua inelegibilidade. Há algum acordo com a futura cúpula da Câmara para votar essa pauta?
Esse assunto é tratado internamente. Temos trabalhado este assunto, sim, principalmente a anistia aos condenados pelo 8 de janeiro. Mas não convém publicizar. Tudo está sujeito a interferências judiciais atualmente.

O seu pai declarou em entrevista que poderia fugir do país caso quisesse. Essa é uma opção?
Nunca ouvi isso da boca dele. Se ele quisesse, nem sequer teria voltado dos EUA (em 2023, após ter passado três meses no país). Ele foi à Argentina e voltou (em dezembro de 2023). Bolsonaro sempre falou que quer estar no Brasil e enfrentar este processo judicial perseguidor. Não vejo esta possibilidade.

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