Equipe de transição procura ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército do governo Bolsonaro
Tanto um como outro declinaram do convite para participar oficialmente do grupo de trabalho da Defesa
Representantes da equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva procuraram dois ex-integrantes do governo de Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva e o ex-comandante do Exército Edson Pujol, para ajudar na interlocução com militares e a preparar projetos para as Forças Armadas.
Tanto um como outro declinaram do convite para participar oficialmente do grupo de trabalho da Defesa, mas se colocaram à disposição para intermediar contatos com a caserna e a indicar as principais prioridades do segmento.
O ex-ministro da Defesa, demitido por Bolsonaro, afirmou a interlocutores de Lula que prefere ficar afastado da cena política e ajudar nos bastidores. Mesmo assim, Azevedo tem sido consultado por petistas sobre como o próximo governo pode pacificar a relação com as Forças Armadas e sugeriu nomes para a comissão.
Pujol, que entregou o cargo em solidariedade a Azevedo, disse que, no momento, está impossibilitado de ajudar na transição em Brasília por questões pessoais, mas se colocou à disposição para colaborar com os trabalhos.
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Outros militares que comandaram as Forças Armadas durante os governos de Lula e Dilma Roussef também foram procurados por interlocutores do presidente eleito. Dentre eles, estão o general da reserva Enzo Martins Peri, que chefiou o Exército, e os tenentes brigadeiros Juniti Saito e Nivaldo Luiz Rossato, que lideraram a Força Aérea Brasileira (FAB).
Saito tem dito a interlocutores do PT que está disposto a colaborar “no momento em que o país precisa de paz”.
Um dos coordenadores da transição, o ex-ministro Aloizio Mercadante tem sido um dos principais interlocutores de Lula nessas conversas. O petista vem de uma família de militares - é filho de general e irmão de um coronel - e tem conversado com militares da ativa e da reserva.
O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, e os ex-ministros da Defesa Celso Amorim e Jaques Wagner também têm ajudado nessas articulações, fornecendo contatos de ex-integrantes das Forças Armadas.
O grupo temático da Defesa ainda não teve os nomes divulgados e aguarda chancela de Lula para aprovação dos integrantes. A comissão será composta por militares da reserva e civis. A previsão é que ocorra nesta sexta-feira uma reunião com ex-integrantes das Forças Armadas para tratar do funcionamento do grupo de trabalho.
Interlocutores de Lula têm dito aos militares que o novo governo quer valorizar a caserna e pacificar o cenário político no país.
Nessas conversas, petistas têm ouvido o que são consideradas as principais demandas dos militares: não alterar as regras de aposentadoria da categoria e o sistema de promoção, não mudar sistema de ensino nas academias militares, manter os orçamentos previstos para investimentos prioritária para cada força e discutir a atualização dos textos da Política Nacional de Defesa (PND), da Estratégia Nacional de Defesa (END) e do Livro Branco da Defesa Nacional (LBDN), que tramitam no Congresso.
Conforme mostrou o Globo, Lula tem sido aconselhado também a novamente adotar o mesmo critério de antiguidade para escolher os novos comandantes. Na leitura de petistas, isso criaria um “colchão de segurança” para o presidente eleito nomear um civil se sua confiança para ocupar o cargo de ministro da Defesa, cujo nome segue indefinido.