Ernesto Araújo rebate Maia e afirma ter orgulho de trabalhar com os EUA
O ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) reagiu às críticas do presidente da Câmara à visita do secretário de Estado americano, Mike Pompeo
O ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) reagiu neste sábado (19) às críticas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), à visita do secretário de Estado americano, Mike Pompeo. Maia disse se tratar de "afronta". Ernesto e Pompeo se encontraram nesta sexta-feira (18) em Boa Vista, em Roraima. Eles visitaram o projeto Acolhida, que atende venezuelanos refugiados que deixam o país comandado pelo ditador Nicolás Maduro. Durante a visita, Pompeo afirmou que "vamos tirar Maduro de lá".
"A visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, nesta sexta-feira, às instalações da Operação Acolhida, em Roraima, junto à fronteira com a Venezuela, no momento em que faltam apenas 46 dias para a eleição presidencial americana, não condiz com a boa prática diplomática internacional e afronta às tradições de autonomia e altivez de nossas políticas externa e de defesa", escreveu Maia, em nota.
Em comunicado publicado no site do Ministério das Relações Exteriores, o chanceler brasileiro disse que a nota de Maia, divulgada no dia anterior, "baseia-se em informações insuficientes e em interpretações equivocadas".
O chefe da diplomacia brasileira começa afirmando que o povo brasileiro é solidário com os vizinhos e que a Operação Acolhida seria um sinal desse comportamento. Ernesto então ataca novamente o regime de Maduro, seguindo a retórica largamente utilizada pelo governo Bolsonaro e seus apoiadores.
"O povo brasileiro preza pela sua própria segurança, e a persistência na Venezuela de um regime aliado ao narcotráfico, terrorismo e crime organizado ameaça permanentemente essa segurança. O povo brasileiro tem apego profundo pela democracia e o regime Maduro trabalha permanentemente para solapar a democracia em toda a América do Sul", afirma.
Usando as mesmas palavra de Maia, o chanceler afirmou que não há "autonomia e altivez" em ignorar o sofrimento dos venezuelanos e negligenciar a segurança do povo brasileiro. Ele fala em romper a espiral de "silêncio cúmplice" que contribuiu para "talvez a maior tragédia humanitária já vivida em nossa região".
Sem citar nomes, o chanceler seguiu atacando os governos de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer, afirmando que a diplomacia brasileira entre 1999 e 2008 viveu uma "cegueira e subserviência ideológica" que teria sido prejudicial ao continente.
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Como vem fazendo reiteradas vezes desde sua posse no cargo, o ministro elogiou os Estados Unidos e destacou recursos doados para a Operação Acolhida. Disse que Brasil e os Estados Unidos estão na "vanguarda da solidariedade ao povo venezuelano, oprimido pela ditadura Maduro".
Ernesto Araújo ignorou o fato de que os Estados Unidos se encontram em período eleitoral e que o atual presidente, Donald Trump, busca a reeleição.
"A independência nacional não significa rejeitar parcerias que nos ajudem a defender nossos interesses mais urgentes e nossos valores mais caros.
Promover a integração latino-americana não significa facilitar a integração dos cartéis da droga. A não-interferência não significa deixar os criminosos agirem sem serem incomodados", afirmou.
"Muito me orgulho de estar contribuindo, juntamente com o secretário de Estado, Mike Pompeo, sob a liderança dos presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump, para construir uma parceria profícua e profunda entre Brasil e Estados Unidos, as duas maiores democracias das Américas. Só quem teme essa parceria é quem teme a democracia", completou.