Escritório de Zanin, indicado por Lula ao STF, recebeu R$ 1,2 mi da campanha do petista
Outras bancas também foram contratadas; contas foram aprovadas pelo TSE
O escritório do advogado Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF), recebeu R$ 1,7 milhão por "serviços de consultoria jurídica" prestados ao Partido dos Trabalhadores.
Os pagamentos mensais de R$ 46,9 mil ocorreram entre setembro de 2019 e agosto do ano passado. Os dados estão registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e são advindos da conta privada do partido, sem recursos eleitorais.
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A relação financeira entre o advogado e o partido de Lula se iniciou dois meses antes do então ex-presidente deixar a prisão em Curitiba. Preso por 580 dias durante a Operação Lava-Jato, o petista teve suas condenações anuladas por um habeas corpus de seu indicado à Corte.
Os pagamentos do partido foram efetuados ao escritório que Zanin tinha com Roberto Teixeira, seu sogro. Os dois romperam no ano passado quando o advogado de Lula desfez a sociedade para fundar seu próprio escritório junto com a mulher, Valeska Teixeira Martins.
O atrito, até então motivado por questões pessoais, logo ganhou contornos profissionais devido a uma disputa por honorários advocatícios avaliados em R$ 9,1 milhões. O valor é fruto de um processo no qual a Rede 21, emissora de TV defendida pela antiga banca que unia Teixeira e Zanin, cobra indenização da Igreja Universal do Reino de Deus por inadimplência e quebra de contrato, relativos à venda de horários na programação.
Como noticiou o GLOBO, o novo empreendimento com a mulher foi contratado pela campanha de Lula em 16 agosto e recebeu R$ 1,2 milhões em duas transferências creditadas como “prestação de serviços advocatícios”.
Os recursos saíram do fundo eleitoral, constituído para arcar com os custos da campanha, entre eles os serviços jurídicos. As contas do presidente foram aprovadas pelo TSE.
A campanha de Lula também contratou outros escritórios. A sociedade comandada pelo ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão também recebeu R$ 1,2 milhão. Já a banca Araujo, Recchia, Santos — Sociedade de Advogadas foi contemplada com R$ 500 mil.